como os indígenas brasileiros estabeleciam suas unidades de tempo e espaço?
Soluções para a tarefa
Resposta:Tempo: Pelos astros sol, lua, estrelas
Espaço: Pela movimentação dos astros
Explicação:
Os indigenas confiavam e tinham muita crença nos astros então tá aí
Resposta❤
Este artigo tem por objetivo formular um primeiro modelo interpretativo do tempo e espaço social, em um povo de língua aruak da Amazônia meridional brasileira, os Enawene Nawe, a partir da observação de suas práticas cerimoniais e econômicas. Trata-se, em resumo, de um exercício etnográfico que pretende retomar uma questão clássica na Etnologia Sul Americana, que tem como marco um simpósio dedicado inteiramente ao assunto, organizado por Joanna Overing, em 19762, favorecendo, nos anos seguintes, a formulação das primeiras sínteses sobre a questão. Este artigo não visa, contudo, retomar o tema de uma perspectiva comparativa, mas sim oferecer uma contribuição ao corpus etnográfico da região, a partir do exame de um caso particular.
Como será possível observar, a vida cerimonial e os ciclos de produção oferecem acessos privilegiados às classificações sócio-cosmológicas, políticas e institucionais deste povo, que fundam o espaço e tempo social. Convém alertar, porém, que uma etnografia detalhada de tais experiências da vida cotidiana evidentemente não caberia em um único artigo. Devemos nos contentar aqui com os seus contornos gerais. Além disso, é preciso assinalar que, embora a análise apresentada não tenha, como dissemos, qualquer intuito comparativo, o material enawene nawe apresenta em vários momentos um indisfarçável ar de família com a paisagem alto-xinguana, com os povos jê-bororo e, em especial, com os aruak do noroeste amazônico e os Jivaro da Amazônia Equatoriana. Neste sentido, fenômenos aqui observados, como a projeção dos laços sociológicos de consangüinidade e afinidade sobre a natureza e seus agentes, evocam imediatamente análises como as de Descola (1987) e Journet (1988). Por outro lado, a caracterização das práticas econômicas e cerimoniais como os dois lados de uma mesma moeda – juntas definindo mecanismos de troca que organizam a sociabilidade –, revela uma diferença importante entre o caso enawene-nawe e outros verificados na Amazônia meridional, como por exemplo o apinayé, estudado por Da Matta (1976). Recordemos: entre este povo jê setentrional, os contrastes estruturais entre o público e o privado estabelecem uma separação radical entre o mundo cerimonial e o mundo doméstico, em que se desenvolvem as atividades econômicas. A consideração desses contrapontos etnográficos será objeto de um próximo artigo.