como ocorreu a passagem do saber místico ao saber racional?
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A tradição filosófica afirmava que o mito era uma fase do espírito humano e da civilização, que antecedia o advento da lógica ou do pensamento lógico, considerando esta última a etapa posterior e evoluída do pensamento e da civilização, ou seja, o mito pertencia a culturas inferiores, primitivas ou atrasadas, enquanto o pensamento lógico ou racional pertencia a culturas superiores, civilizadas e adiantadas. Essa separação temporal e evolutiva de duas modalidades de pensamento fazia com que se julgasse a presença de explicações míticas em nossa sociedade, como uma espécie de resíduo de uma fase passada da evolução da humanidade, e que estaria destinada a desaparecer com a plena evolução da racionalidade científica e filosófica.
Hoje, sabe-se que o pensamento mítico pertence ao campo do pensamento e da linguagem simbólicos, que coexistem com o campo do pensamento e da linguagem conceituais, sendo mostrada essa coexistência através de duas linhas de estudos. A primeira linha vem da antropologia social, e mostra que, no caso de nossas sociedades, a presença simultânea do conceitual e do mítico decorre do modo como a imaginação social transforma em mito aquilo que o pensamento conceitual elabora nas ciências e na Filosofia. A segunda linha vem da neurologia e da análise da anatomia e fisiologia do cérebro humano, e mostra que esse órgão possui dois hemisférios, num deles localizando-se a linguagem e o pensamento simbólicos, enquanto no outro a linguagem e o pensamento conceituais. Dessa forma, a predominância de uma ou outra forma de pensamento depende das tendências pessoais e da história da vida do indivíduo, do modo como uma sociedade ou cultura recorre a uma determinada forma para interpretar a realidade, intervir no mundo e explicar-se a si mesmo.
O antropólogo Claude Lévi-Strauss mostrou que o mito e o rito são uma organização da realidade a partir da experiência sensível enquanto tal. Para explicar a composição de um mito, ele utilizou-se de uma técnica chamada de bricolage, e que consistia em se produzir um objeto novo a partir de fragmentos de outros objetos, assim como ocorre no pensamento mítico, que vai reunindo as experiências, as narrativas, os relatos, até compor um mito geral, produzindo, com esses materiais heterogêneos, a explicação sobre a origem e a forma das coisas, suas funções e finalidades, os poderes divinos sobre a Natureza e sobre os humanos.
O mito possui três características principais, a saber a função explicativa, na qual o presente é explicado por alguma ação passada, cujos efeitos permaneceram no tempo; a função organizativa, na qual o mito organiza as relações sociais de modo a legitimar e garantir a permanência de um sistema complexo de proibições e permissões; e a função compensatória, na qual o mito narra uma situação passada, que é a negação do presente, e que serve para compensar os humanos de alguma perda ou para garantir-lhes que um erro passado foi corrigido no presente.
Cara, com o surgimento da filosofia, os pensadores procuraram a racionar todos os fenômenos, entre outras coisas, não queriam mais ficar nessa de "Deus quis"...
Hoje, sabe-se que o pensamento mítico pertence ao campo do pensamento e da linguagem simbólicos, que coexistem com o campo do pensamento e da linguagem conceituais, sendo mostrada essa coexistência através de duas linhas de estudos. A primeira linha vem da antropologia social, e mostra que, no caso de nossas sociedades, a presença simultânea do conceitual e do mítico decorre do modo como a imaginação social transforma em mito aquilo que o pensamento conceitual elabora nas ciências e na Filosofia. A segunda linha vem da neurologia e da análise da anatomia e fisiologia do cérebro humano, e mostra que esse órgão possui dois hemisférios, num deles localizando-se a linguagem e o pensamento simbólicos, enquanto no outro a linguagem e o pensamento conceituais. Dessa forma, a predominância de uma ou outra forma de pensamento depende das tendências pessoais e da história da vida do indivíduo, do modo como uma sociedade ou cultura recorre a uma determinada forma para interpretar a realidade, intervir no mundo e explicar-se a si mesmo.
O antropólogo Claude Lévi-Strauss mostrou que o mito e o rito são uma organização da realidade a partir da experiência sensível enquanto tal. Para explicar a composição de um mito, ele utilizou-se de uma técnica chamada de bricolage, e que consistia em se produzir um objeto novo a partir de fragmentos de outros objetos, assim como ocorre no pensamento mítico, que vai reunindo as experiências, as narrativas, os relatos, até compor um mito geral, produzindo, com esses materiais heterogêneos, a explicação sobre a origem e a forma das coisas, suas funções e finalidades, os poderes divinos sobre a Natureza e sobre os humanos.
O mito possui três características principais, a saber a função explicativa, na qual o presente é explicado por alguma ação passada, cujos efeitos permaneceram no tempo; a função organizativa, na qual o mito organiza as relações sociais de modo a legitimar e garantir a permanência de um sistema complexo de proibições e permissões; e a função compensatória, na qual o mito narra uma situação passada, que é a negação do presente, e que serve para compensar os humanos de alguma perda ou para garantir-lhes que um erro passado foi corrigido no presente.
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