Física, perguntado por anna200607, 7 meses atrás

como o bolsa familia alterou o ponto de vista e a rotina dos indígenas? comente.​

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Respondido por noemir99
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Explicação:

Nascida e criada no Xingu, Leiru Mehinaku entende pouco o português. Não sabe ao certo a própria idade nem a dos quatro filhos, que cria sozinha. Em 2014, um ano após ingressar no programa Bolsa Família, deixou sua aldeia e se mudou para Canarana (a 607 km a leste de Cuiabá).

“Achei que fosse o suficiente. Mas, depois que me mudei aqui, vi que era muito caro”, disse, traduzida por um sobrinho, em conversa na casa de tijolo aparente e três cômodos nos fundos de um bar. Um fogão velho de quatro bocas é o único eletrodoméstico. Sobre a mesa, seis sacos de arroz, três garrafas de óleo e dois pacotes de café.

“Quando morava na aldeia, não precisava de dinheiro. Aqui, fico um pouco com dinheiro e acaba”, disse Leiru. Apesar das dificuldades, ela pretende continuar na cidade para que seus filhos “estudem e entendam melhor o português do que eu”. O sustento é assegurado principalmente pelo filho adolescente, que trabalha numa borracharia –sua renda mensal do Bolsa Família é de R$ 300.

Assim como Leiru e os filhos, quase metade da população indígena no Brasil participa do principal programa social do país. Só na Amazônia Legal, são 63.165 famílias, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social.

Implantados em terras indígenas de todas as regiões do país sem nenhuma adaptação, o Bolsa Família –e outros benefícios com menor abrangência, como a aposentadoria rural e o auxílio-maternidade–, vem provocando mudanças profundas no modo de vida tradicional.

O principal motivo é que esses programas obrigam os beneficiários a se deslocar durante dias até a cidade para sacar o dinheiro no caixa eletrônico e realizar trâmites burocráticos. No Xingu, essa viagem dura até 20 dias; no alto rio Negro (AM), o deslocamento chega a três meses.

Durante nove dias, a reportagem da Folha conversou com famílias e lideranças indígenas no Xingu e em Canarana, a principal cidade do entorno do parque. Ali, com apoio da Funai (Fundação Nacional do Índio), o programa se popularizou principalmente entre os anos de 2012 e 2013, por meio de mutirões realizados nas aldeias.

“A Funai foi um órgão muito desprestigiado nos últimos governos, com um orçamento sem possibilidade de fazer muitos projetos”, afirma André Villas-Bôas, secretário executivo do Instituto Socioambiental (ISA). “Em vários lugares, se restringiu a criar condições para cadastrar e facilitar o transporte dessas famílias para acessar esses programas.”

Nas conversas, os xinguanos afirmam que o benefício ajuda a comprar produtos do cotidiano, como facões e material de pesca. Por outro lado, relatam casos de endividamento para pagar o transporte, mudanças mal planejadas para a cidade, consumo excessivo de comida “do branco” e retenção ilegal de cartões por comerciantes.


anna200607: Obrigada
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