como foi a alfabetização nos anos 80
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Diante dos problemas educacionais existentes na contemporaneidade, muitas pessoas afirmam que a educação escolar das décadas de 1970 e 1980, por exemplo, era mais “rígida” e de melhor qualidade. Comenta-se que as escolas de ensino primário – 1ª a 4ª séries (atualmente equivalentes aos Anos Iniciais do Ensino Fundamental de nove anos) – eram melhor estruturadas, os professores mais qualificados e os educandos bem mais disciplinados e dispostos a aprender.
Entretanto, no que se refere ao processo de alfabetização escolar, em específico, há divergência de concepções acerca de seus pontos positivos e negativos, uma vez que o “ensino de primeiras letras” era (quase) todo baseado no uso de cartilhas escolares e em métodos tradicionais/conservadores de alfabetização.
Para que se possa melhor compreender esses posicionamentos, faz-se necessário, inicialmente, estabelecer as diferenças conceituais existentes entre os termosalfabetização e letramento – vocábulos de uso corrente no campo da Linguística nos dias atuais.
A apropriação da escrita é um processo complexo e multifacetado, que envolve tanto o domínio do sistema alfabético/ortográfico quanto a compreensão e utilização efetiva e autônoma da língua escrita em práticas sociais diversificadas. A partir da constatação dessa realidade na escola brasileira de ensino fundamental é que se tem falado, atualmente, em alfabetização e letramento como fenômenos socioeducacionais distintos e complementares.
Grosso modo, pode-se definir conceitualmente alfabetizaçãocomo o “processo específico e indispensável de apropriação do sistema de escrita, a conquista dos princípios alfabético e ortográfico que possibilitam ao aluno ler e escrever com autonomia” (CARVALHO e MENDONÇA, 2006, p.19). Ou seja: alfabetização diz respeito à compreensão e ao domínio do chamado “código escrito”.
Seguindo essa mesma linha de pensamento, Soares (2003) concebe a alfabetização como sendo a aprendizagem da técnica, do domínio do código convencional da leitura, da escrita, das relações fonema-grafema e do uso de diferentes instrumentos com os quais se escreve; não sendo, portanto, pré-requisito para o letramento. Em outras palavras, isso significa dizer que alfabetização é o ato ou efeito de alfabetizar, de ensinar as “primeiras letras”. Assim, uma pessoa alfabetizada é aquela que domina as “primeiras letras”, isto é, que possui as habilidades básicas ou iniciais do ler e do escrever.
Em contrapartida, o letramento pode ser entendido como o processo de inserção e participação na cultura escrita. Trata-se de um fenômeno que tem início quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações de escrita na sociedade e se prolonga por toda a vida. O termo letramento foi cunhado por Mary Kato, no início dos anos 80, e diz respeito a um “conjunto de práticas sociais que usam a escrita enquanto sistema simbólico e tecnologia, em contextos específicos e para objetivos determinados”. (KATO, 1986, p.7)
Dito de outra forma, isso implica afirmar que o letramento pode ser considerado um processo histórico-social e educacional complexo, que quase sempre é visto como associado à alfabetização. Contudo, existem letramentos de natureza variada, inclusive sem a presença da alfabetização. O letramento abrange a capacidade de o sujeito colocar-se como autor do próprio discurso linguístico, no que se refere tanto ao texto escrito quanto ao texto oral/verbal. Portanto, uma pessoa letrada é, de acordo com Kleiman (2003), aquela que é capaz de desenvolver e utilizar uma capacidade metalinguística em relação à própria linguagem.
Entretanto, no que se refere ao processo de alfabetização escolar, em específico, há divergência de concepções acerca de seus pontos positivos e negativos, uma vez que o “ensino de primeiras letras” era (quase) todo baseado no uso de cartilhas escolares e em métodos tradicionais/conservadores de alfabetização.
Para que se possa melhor compreender esses posicionamentos, faz-se necessário, inicialmente, estabelecer as diferenças conceituais existentes entre os termosalfabetização e letramento – vocábulos de uso corrente no campo da Linguística nos dias atuais.
A apropriação da escrita é um processo complexo e multifacetado, que envolve tanto o domínio do sistema alfabético/ortográfico quanto a compreensão e utilização efetiva e autônoma da língua escrita em práticas sociais diversificadas. A partir da constatação dessa realidade na escola brasileira de ensino fundamental é que se tem falado, atualmente, em alfabetização e letramento como fenômenos socioeducacionais distintos e complementares.
Grosso modo, pode-se definir conceitualmente alfabetizaçãocomo o “processo específico e indispensável de apropriação do sistema de escrita, a conquista dos princípios alfabético e ortográfico que possibilitam ao aluno ler e escrever com autonomia” (CARVALHO e MENDONÇA, 2006, p.19). Ou seja: alfabetização diz respeito à compreensão e ao domínio do chamado “código escrito”.
Seguindo essa mesma linha de pensamento, Soares (2003) concebe a alfabetização como sendo a aprendizagem da técnica, do domínio do código convencional da leitura, da escrita, das relações fonema-grafema e do uso de diferentes instrumentos com os quais se escreve; não sendo, portanto, pré-requisito para o letramento. Em outras palavras, isso significa dizer que alfabetização é o ato ou efeito de alfabetizar, de ensinar as “primeiras letras”. Assim, uma pessoa alfabetizada é aquela que domina as “primeiras letras”, isto é, que possui as habilidades básicas ou iniciais do ler e do escrever.
Em contrapartida, o letramento pode ser entendido como o processo de inserção e participação na cultura escrita. Trata-se de um fenômeno que tem início quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações de escrita na sociedade e se prolonga por toda a vida. O termo letramento foi cunhado por Mary Kato, no início dos anos 80, e diz respeito a um “conjunto de práticas sociais que usam a escrita enquanto sistema simbólico e tecnologia, em contextos específicos e para objetivos determinados”. (KATO, 1986, p.7)
Dito de outra forma, isso implica afirmar que o letramento pode ser considerado um processo histórico-social e educacional complexo, que quase sempre é visto como associado à alfabetização. Contudo, existem letramentos de natureza variada, inclusive sem a presença da alfabetização. O letramento abrange a capacidade de o sujeito colocar-se como autor do próprio discurso linguístico, no que se refere tanto ao texto escrito quanto ao texto oral/verbal. Portanto, uma pessoa letrada é, de acordo com Kleiman (2003), aquela que é capaz de desenvolver e utilizar uma capacidade metalinguística em relação à própria linguagem.
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