Como Evgen Bavcar ( fotógrafo do Tato) ficou conhecido ?
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Resposta:
Evgen Bavcar é mais um desses “capturadores” de instantes do “visível”, é um
fotógrafo que, como os demais, busca a repetição mecânica de um instante
que poderá nunca mais repetir-se existencialmente, mas que o faz, com uma
peculiaridade que o difere de todos os outros na sua profissão: ele não pode
“ver” sua fotografia. Cego desde os 11 anos devido a um acidente, Bavcar
nasceu em 1946 na atual Eslovênia, ex-Iugoslávia, e, além de fotógrafo, é
doutor em Filosofia da Estética pela Universidade de Paris e teórico da Arte.
Atualmente, também acumula a função de pesquisador do Centro Nacional de
Pesquisa Científica-CNRS.
O primeiro contato de Bavcar com a câmera fotográfica deu-se apenas
quatro anos após a perda da visão, quando, na adolescência, quis retratar a
jovem por quem havia se apaixonado; ele se recorda até hoje do prazer
experimentado na ocasião, sentido pelo fato de ele haver conseguido “fixar”
em uma película alguma coisa que, de fato, não lhe pertencia. Foi a descoberta
da capacidade de poder reter e possuir o que não podia mais enxergar. Depois
de formado em História e em Filosofia, estabeleceu-se em Paris, iniciando uma
carreira acadêmica que seria seguida de perto por sua crescente atividade
fotográfica. O ápice de seu reconhecimento como fotógrafo foi em 1988,
quando foi nomeado Fotógrafo Oficial do Mês da Fotografia da Cidade Luz;
desde então, seu trabalho tem sido amplamente exibido, principalmente na
Europa.
Na obra de Bavcar, podemos perceber claramente uma relação íntima entre
a visão, a cegueira e a invisibilidade: seu trabalho, como ele mesmo costuma
definir, consiste em reunir o mundo visível ao “invisível”. Mas por que um cego
se interessa em fotografar o que não vê? Qual seria sua motivação, seu
objetivo, ao fazê-lo? Essas questões podem nos intrigar, mas, para Bavcar, elas
têm uma resposta relativamente simples: a fotografia é sua maneira de
“perverter” o método de percepção estabelecido entre as pessoas que
enxergam e as pessoas cegas.
O espanto natural suscitado pelo fato de um cego fotografar, porém, pode
nos levar ao descuido de focarmos nossa atenção apenas em suas imagens
visuais, esquecendo a íntima relação que elas têm com seu pensamento
filosófico. Bavcar é um fotógrafo, mas é também um filósofo: um pensador do
estético, naturalmente, mas também, e indissociavelmente, um pensador da
origem, de onde supostamente brotariam todas as imagens, as palavras, os
pensamentos.