Como era tratada a questão da religião no Brasil holandês preciso entregar hoje!!!
Nicolik826:
havia tolerância religiosa?
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Com um pragmatismo superado apenas pela argúcia, o Padre Vieira afirmava sobre os judeus, lançando mão de um argumento emprestado de Santo Agostinho: “O esterco fora do seu lugar suja a casa, e posto no seu lugar fertiliza o campo. O mesmo vale para os judeus, que no estrangeiro ajudam os hereges, mas em casa fornecem o capital para manter o Império. Por que transformar vassalos úteis em inimigos poderosos?”. O mesmo senso prático se estabeleceu no Brasil durante a dominação comercial e militar dos holandeses, entre 1630 e 1644, em Pernambuco, onde reinou um ambiente inédito de tolerância religiosa, em especial para judeus. “A capital pernambucana era uma verdadeira ‘Jerusalém colonial’ por causa da utopia da reconstrução do mundo judaico da diáspora. Era uma Babel cultural. Recife, por certo tempo, foi a única cidade do mundo que reunia pessoas das três crenças (judeus sefarditas, católicos e calvinistas) em um único ambiente de tolerância religiosa”, afirma o historiador Ronaldo Vainfas, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor de Jerusalém colonial: judeus portugueses no Brasil holandês (Civilização Brasileira), pesquisa apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). “Nunca antes os judeus alcançaram tamanha liberdade religiosa como no Brasil holandês, em especial durante o governo de Maurício de Nassau”, analisa.
No caso dos judeus, havia, como pregava Vieira, razões concretas para a boa vontade batava. “Os holandeses do governo colonial ou representantes da Companhia das Índias Ocidentais (WIC) apoiavam enfaticamente os judeus porque eles eram os intermediários por excelência dos negócios coloniais”, observa Vainfas. “O ‘tolerantismo’ ou o Estado multirreligioso era visto por muitos governos da época como o caminho mais curto para a deslealdade e para a dissidência interna. Não foi fácil para Nassau implantar essa política, tendo que lutar constantemente contra a ira da maior parte do clero calvinista local e contra pressões de uma política menos tolerante na colônia, exigida pelos diretores da WIC”, afirma o historiador americano Stuart B. Schwartz, professor da Universidade Yale e autor de Cada um na sua lei (Companhia das Letras). “Esse período oferece uma oportunidade limitada de imaginar as possibilidades de tolerância que existiriam na sociedade portuguesa com a redução do poder e da autoridade da Igreja e, acima de tudo, da Inquisição.” Afinal, era a primeira vez que os judeus puderam se reorganizar depois de mais de um século de proibição do judaísmo em Portugal. O processo remonta a 1478, quando os reis católicos instituíram a Inquisição na Espanha, o que levou os conversos, vistos como hereges por se “judaizarem” em sigilo, a fugir para o reino vizinho. O grande afluxo de judeus espanhóis levou a nobreza e a Igreja de Portugal a clamarem por medidas equivalentes à espanhola e, em 1496, o rei português, que nada tinha contra seus súditos hebreus, decretou que todos os semitas deveriam se converter ao catolicismo, o que fez nascer a comunidade dos cristãos-novos. Em 1536, quando a Inquisição chegou a Lisboa, mais uma vez os sefarditas iniciaram uma diáspora, dessa vez em direção aos Países Baixos. Amsterdã passou a ser conhecida como a “Jerusalém do Norte”.
No caso dos judeus, havia, como pregava Vieira, razões concretas para a boa vontade batava. “Os holandeses do governo colonial ou representantes da Companhia das Índias Ocidentais (WIC) apoiavam enfaticamente os judeus porque eles eram os intermediários por excelência dos negócios coloniais”, observa Vainfas. “O ‘tolerantismo’ ou o Estado multirreligioso era visto por muitos governos da época como o caminho mais curto para a deslealdade e para a dissidência interna. Não foi fácil para Nassau implantar essa política, tendo que lutar constantemente contra a ira da maior parte do clero calvinista local e contra pressões de uma política menos tolerante na colônia, exigida pelos diretores da WIC”, afirma o historiador americano Stuart B. Schwartz, professor da Universidade Yale e autor de Cada um na sua lei (Companhia das Letras). “Esse período oferece uma oportunidade limitada de imaginar as possibilidades de tolerância que existiriam na sociedade portuguesa com a redução do poder e da autoridade da Igreja e, acima de tudo, da Inquisição.” Afinal, era a primeira vez que os judeus puderam se reorganizar depois de mais de um século de proibição do judaísmo em Portugal. O processo remonta a 1478, quando os reis católicos instituíram a Inquisição na Espanha, o que levou os conversos, vistos como hereges por se “judaizarem” em sigilo, a fugir para o reino vizinho. O grande afluxo de judeus espanhóis levou a nobreza e a Igreja de Portugal a clamarem por medidas equivalentes à espanhola e, em 1496, o rei português, que nada tinha contra seus súditos hebreus, decretou que todos os semitas deveriam se converter ao catolicismo, o que fez nascer a comunidade dos cristãos-novos. Em 1536, quando a Inquisição chegou a Lisboa, mais uma vez os sefarditas iniciaram uma diáspora, dessa vez em direção aos Países Baixos. Amsterdã passou a ser conhecida como a “Jerusalém do Norte”.
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