Como é o artesanato indígena no nordeste?
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Resposta:
Índios de vários Municípios do Estado do Ceará levam suas peças artesanais para a loja da Ceart em Fortaleza
Fortaleza A natureza é celebrada pelos índios com artesanato. As singularidades culturais são cultivadas em "bio-jóias" de cada novo colar de sementes, cocá, ou mesmo nas tintas vegetais que transformam desenhos no corpo. O artesanato popular indígena pode ser encontrado muito antes das aldeias de cada etnia. Em parceria com a Central do Artesanato (Ceart), a Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) apoia a produção artesanal étnica, que pode ser conferida em Fortaleza na Loja de Artes Indígenas Toré Torém.
Pelo menos seis etnias indígenas estão levando suas peças artesanais para a loja em Fortaleza, proporcionando a apreciação dos não-índios e gerando trabalho e renda para os povos indígenas: Tapeba (Município de Caucaia), Pitaguary (Municípios de Itarema e Acaraú), Jenipapo-Kanindé (Aquiraz), Kanindé (Aratuba) e Tabajara (Poranga). Têm de colares de sementes a arco e flecha para decoração. Peças de barro são utensílios domésticos, e camisas ilustradas revelam as caras e cores dos índios do Ceará.
A arte Tapeba é uma das mais procuradas. Os índios Ivonilde e Flávio Tapeba tentam atender à demanda. Além da compra direta na loja tem cliente que encomenda os produtos. Fazem sucesso as ´quartinhas´, potes de barro de médio porte para água potável, e os arco e flecha para decoração de parede.
Os Pitaguary produzem colares de sementes e bolsas de palha; os Tremembé de Almofala, em Itarema mandam colares, potes e camisas com a "rosa do torém" - índios em ciranda, símbolo daquela etnia.
A Loja de Artes Indígenas Toré Torém é mantida pelo Instituto de Responsabilidade Social, da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), com apoio da Central de Artesanato do Governo do Estado.
Preços
É aberta de segunda a sábado convergendo as peças artísticas e artesanais das etnias, evitando a exploração econômica por atravessadores. O preço das peças é dado pelos próprios índios, que recebem o "valor justo". Apenas uma pequena porcentagem fica para auxílio de manutenção do lugar, que funciona diariamente de 9 às 18 horas e de 10 às 15horas aos sábados.
Os preços variam de R$ 4,90 (um colar de sementes) a R$ 32,90 (um ponte de cerâmica). Em cada produto uma etiqueta com o nome da etnia e do artesão que fez.
A loja é o grande braço da Fiec no Programa de Difusão da Cultura Indígena. Realidade material, criatividade, espiritualidade e imaginário coletivo são repassados para além das aldeias, atingem os não-índios como uma forma de reafirmação da identidade indígena no Estado do Ceará.
"A cultura indígena, cortada no tronco pela colonização, possuía raízes e, com o tempo, os sinais de sua existência voltaram a brotar.
O que foi jogado na clandestinidade continua existindo, embora sem o reconhecimento da cultura oficial. As culturas de tradição indígena vão, de pouco em pouco, reaparecendo, mostrando suas marcas nas cerâmicas, nos trançados, na tecelagem e até nas pinturas realizadas em tela", diz o pesquisador Roberto Galvão em seu livro "Arte Tremembé", sobre a resistência do povo indígena do Litoral Oeste do Estado.