Filosofia, perguntado por luizluizinho880, 11 meses atrás

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Respondido por alves199863
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Resposta:

Esse discurso é o texto da aula inaugural que Merleau-Ponty deu no Collège de France. Não foi escrito para nos converter à vida filosófica – como o título poderia dar a entender -, mas sim para definir o papel do filósofo.

Merleau-Ponty afirma logo de início que o filósofo não deve procurar atingir o saber absoluto, mas sim oscilar, num incessante vai-e-vem, entre o saber e a ignorância: ele não será um homem de certezas, mas aquele que vive com o saber em devir. O autor confirma essa concepção de filósofo na pessoa de Louis Lavelle. Com efeito, este não concebe nosso saber do absoluto como um saber estático, mas como um saber oriundo do movimento pelo qual o filósofo sai de si mesmo para enveredar no mundo e construir na volta a sua interioridade apropriando-se desse mundo exterior. Portanto, o ser tampouco é um absoluto, mas participa de nós como nós participamos dele. Isso constituirá uma das teses principais da filosofia de Merleau-Ponty.

Este último encontra em Bergson aquela que deve ser a tarefa do verdadeiro filósofo, a saber, apreender a relação entre sentido e evento, ou seja, apreender o ser em seu devir. A filosofia não deve, pois, opor espírito a matéria, porque o espírito torna-se o que é ao investir a matéria, ou seja, ao exprimir-se. O filósofo que quiser descobrir o sentido primeiro do ser deve então afundar no ser, o que será possível pela percepção, pois ela permite que esse ser que se dá na exterioridade do mundo nos atinja de dentro. Por isso é possível comparar essa percepção do ser à célebre intuição bergsoniana, que nos revela igualmente nossa pertença ao ser.

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