cite produtos criados a partir da arma Mentalista entre EUA e URSS
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“Xadrez geopolítico”
A partir de 1947, os então aliados EUA e URSS, mas com perspectivas ideológicas opostas, rompem oficialmente, e passam a delimitar “zonas de influência”, ou blocos, dividindo o globo. Tendo em vista a superioridade dos EUA após a demostração do potencial destrutivo de Little Boy e Fat Man, os soviéticos aceleraram o seu programa nuclear. Em 20 de agosto de 1949, em Semipalatinsk, no Cazaquistão, foi detonada a primeira bomba nuclear soviética. O uso de tecnologia nuclear como arma de guerra, dessa forma, deu a tônica da corrida armamentista.
O potêncial de destruição das ogivas nucleares acabou por servir como anteparo, ou freio, contra uma eventual Terceira Guerra Mundial com armamentos convencionais. Desse modo, o que se fez durante a Guerra Fria foi uma espécie de “xadrez geopolítico”, em que cada superpotência procurava estabelecer posições ao construir bases de mísseis nucleares em locais estratégicos contra o inimigo, como forma de, por meio da ameaça de um “apocalipse nuclear”, evitar disputas que desencadeassem um confronto direto.
O ponto mais tenso desse “xadrez” foi a Crise dos Mísseis, ocorrida em 1962, em decorrência da instalação de uma base nuclear soviética na ilha de Cuba, com mísseis apontados para cidades dos Estados Unidos.
Bomba de Hidrogênio
Cabe ressaltar que, além dos mísseis balísticos comuns, contendo ogivas nucleares a base de plutônio ou urânio, as duas superpotências em questão ainda desenvolveram uma arma ainda mais poderosa: a Bomba de Hidrogênio. Essa arma, que dispõe de tecnologia termonuclear, foi planejada e construída pelos cientistas Edward Teller e Stanislaw Ulam, a serviço do Exército dos EUA. Como narra o historiador P. D. Smith, em sua obra Os homens do fim do mundo – o verdadeiro Dr. Fantástico e o sonho da arma total:
A bomba de Teller e Ulam foi testada no Atol Eniwetok, no Oceano Pacífico, em 1º de novembro de 1952, três dias antes da eleição de Dwight Eiseunhower, ex-chefe do Estado-Maior do Exército dos Estados Unidos como presidente da República. Apelidada de “Salsicha” pelos seus projetistas por causa de sua forma cilíndrica, a bomba pesava 82 toneladas. A sua estrutura, conhecida como “cabina de tiro”, tinha o tamanho de um edifício de seis andares. A explosão recebeu o nome-código de “Mike” – com M de megaton, que corresponde a 1 milhão de toneladas de explosivos potentes. A explosão foi muito mais intensa do que se esperava, com mais de 10 megatons, ou seja, mil vezes mais potente do que a bomba de Hiroshima. Um observador em um avião a cem quilômetros de distância disse que ver a cena era como “olhar para a eternidade ou para as portas do inferno”. [1]
Em 12 de agosto de 1953, os soviéticos, por sua vez, realizaram o primeiro teste com bomba de hidrogênio. Em 1º de março de 1954, os EUA detonam, no Atol de Bikini, a bomba Castle Bravo, de 15 megatons. Começava a “corrida” para se chegar à “bomba do fim do mundo”, com mais de 50 megatons de potência, isto é, mais de 700 vezes o poder da bomba lançada sobre Hiroshima. O ponto mais alto da construção de uma bomba de hidrogênio se deu em 1961, por iniciativa também dos soviéticos, com o projeto RDS-220, que ficou conhecido como Tsar Bomba. Essa bomba foi testada em Nova Zembla, no Oceano Ártico, e devastou uma região de 35 Km de raio.
Bomba de Cobalto
Físicos nucleares como Leo Szilard advertiam ainda, durante a era da “Corrida Armamentista”, que um perigo ainda maior que as bombas de hidrogênio poderia surgir: tratava-se de uma superbomba de hidrogênio revestida com o elemento químico Cobalto 60. Segundo o historiador P.D. Smith, citando informações do jornalista William Laurence:
[…] uma bomba termonuclear com uma chapa de cobalto que envolvesse os instrumentos de fissão e fusão criaria uma nuvem radioativa letal ao explodir. Essa arma não precisaria ser lançada sobre uma cidade. Ela teria a forma de um navio-bomba, com mais de uma tonelada de hidrogênio pesado. Harrison Brown, que tinha moderado a Mesa-Redonda de Chicago e era então professor de química nuclear na Caltech [Universidade Técnica da Califórnia] disse a Laurence que se um navio-bomba de cobalto explodisse no Pacífico, a 1600 quilômetros a oeste da Califórnia, “a poeira radioativa alcançaria toda a costa em mais ou menos um dia e chegaria a Nova York em quatro ou cinco dias”, matando tudo o que estivesse no caminho. Uma única bomba poderia acabar com um continente inteiro. [2]
Bastaria a detonação de quatro desses navios-bomba para que a população humana de todo o globo perecesse.
NOTAS
[1] SMITH, P. D. Os homens do fim do mundo – o verdadeiro Dr. Fantástico e o sonho da arma total.(trad. José Viegas Filho). São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 390-91.
[2] Ibid. p. 407.
A partir de 1947, os então aliados EUA e URSS, mas com perspectivas ideológicas opostas, rompem oficialmente, e passam a delimitar “zonas de influência”, ou blocos, dividindo o globo. Tendo em vista a superioridade dos EUA após a demostração do potencial destrutivo de Little Boy e Fat Man, os soviéticos aceleraram o seu programa nuclear. Em 20 de agosto de 1949, em Semipalatinsk, no Cazaquistão, foi detonada a primeira bomba nuclear soviética. O uso de tecnologia nuclear como arma de guerra, dessa forma, deu a tônica da corrida armamentista.
O potêncial de destruição das ogivas nucleares acabou por servir como anteparo, ou freio, contra uma eventual Terceira Guerra Mundial com armamentos convencionais. Desse modo, o que se fez durante a Guerra Fria foi uma espécie de “xadrez geopolítico”, em que cada superpotência procurava estabelecer posições ao construir bases de mísseis nucleares em locais estratégicos contra o inimigo, como forma de, por meio da ameaça de um “apocalipse nuclear”, evitar disputas que desencadeassem um confronto direto.
O ponto mais tenso desse “xadrez” foi a Crise dos Mísseis, ocorrida em 1962, em decorrência da instalação de uma base nuclear soviética na ilha de Cuba, com mísseis apontados para cidades dos Estados Unidos.
Bomba de Hidrogênio
Cabe ressaltar que, além dos mísseis balísticos comuns, contendo ogivas nucleares a base de plutônio ou urânio, as duas superpotências em questão ainda desenvolveram uma arma ainda mais poderosa: a Bomba de Hidrogênio. Essa arma, que dispõe de tecnologia termonuclear, foi planejada e construída pelos cientistas Edward Teller e Stanislaw Ulam, a serviço do Exército dos EUA. Como narra o historiador P. D. Smith, em sua obra Os homens do fim do mundo – o verdadeiro Dr. Fantástico e o sonho da arma total:
A bomba de Teller e Ulam foi testada no Atol Eniwetok, no Oceano Pacífico, em 1º de novembro de 1952, três dias antes da eleição de Dwight Eiseunhower, ex-chefe do Estado-Maior do Exército dos Estados Unidos como presidente da República. Apelidada de “Salsicha” pelos seus projetistas por causa de sua forma cilíndrica, a bomba pesava 82 toneladas. A sua estrutura, conhecida como “cabina de tiro”, tinha o tamanho de um edifício de seis andares. A explosão recebeu o nome-código de “Mike” – com M de megaton, que corresponde a 1 milhão de toneladas de explosivos potentes. A explosão foi muito mais intensa do que se esperava, com mais de 10 megatons, ou seja, mil vezes mais potente do que a bomba de Hiroshima. Um observador em um avião a cem quilômetros de distância disse que ver a cena era como “olhar para a eternidade ou para as portas do inferno”. [1]
Em 12 de agosto de 1953, os soviéticos, por sua vez, realizaram o primeiro teste com bomba de hidrogênio. Em 1º de março de 1954, os EUA detonam, no Atol de Bikini, a bomba Castle Bravo, de 15 megatons. Começava a “corrida” para se chegar à “bomba do fim do mundo”, com mais de 50 megatons de potência, isto é, mais de 700 vezes o poder da bomba lançada sobre Hiroshima. O ponto mais alto da construção de uma bomba de hidrogênio se deu em 1961, por iniciativa também dos soviéticos, com o projeto RDS-220, que ficou conhecido como Tsar Bomba. Essa bomba foi testada em Nova Zembla, no Oceano Ártico, e devastou uma região de 35 Km de raio.
Bomba de Cobalto
Físicos nucleares como Leo Szilard advertiam ainda, durante a era da “Corrida Armamentista”, que um perigo ainda maior que as bombas de hidrogênio poderia surgir: tratava-se de uma superbomba de hidrogênio revestida com o elemento químico Cobalto 60. Segundo o historiador P.D. Smith, citando informações do jornalista William Laurence:
[…] uma bomba termonuclear com uma chapa de cobalto que envolvesse os instrumentos de fissão e fusão criaria uma nuvem radioativa letal ao explodir. Essa arma não precisaria ser lançada sobre uma cidade. Ela teria a forma de um navio-bomba, com mais de uma tonelada de hidrogênio pesado. Harrison Brown, que tinha moderado a Mesa-Redonda de Chicago e era então professor de química nuclear na Caltech [Universidade Técnica da Califórnia] disse a Laurence que se um navio-bomba de cobalto explodisse no Pacífico, a 1600 quilômetros a oeste da Califórnia, “a poeira radioativa alcançaria toda a costa em mais ou menos um dia e chegaria a Nova York em quatro ou cinco dias”, matando tudo o que estivesse no caminho. Uma única bomba poderia acabar com um continente inteiro. [2]
Bastaria a detonação de quatro desses navios-bomba para que a população humana de todo o globo perecesse.
NOTAS
[1] SMITH, P. D. Os homens do fim do mundo – o verdadeiro Dr. Fantástico e o sonho da arma total.(trad. José Viegas Filho). São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 390-91.
[2] Ibid. p. 407.
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