Catar feijão
1
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar1
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante2, flutual3
açula4 a atenção, isca-a como o risco.
MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
1Alguidar: vasilha de barro utilizada para armazenar água.
2Fluviante: termo não dicionarizado criado a partir de “fluvial”.
3Flutual: termo não dicionarizado criado a partir de “flutuar”.
4Açular: provocar.
Ao comparar a atividade de catar feijão ao processo de escrita, o eu lírico relaciona
A
o catar ao ler.
B
o grão ao poeta.
C
o grão à palavra.
D
o grão ao poema.
E
o mastigar ao escrever.
Soluções para a tarefa
Respondido por
9
A alternativa correta é a letra C.
O poema Catar Feijão faz parte da obra Educação de Pedra. Tal poema compara o processo de catar feijão ao da escrita de um poema, em que o autor seleciona os melhores grãos, isto é as melhores palavras para que possa compor sua poesia de forma clara e com muito prazer.
Catar feijão, é no entanto, catar palavras que são grãos que podem ser facilmente mastigáveis/ lidos ou não, porém proporcionam o prazer de ler e escrever.
Espero ter ajudado !
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