Carta fazendo a descripção das innumeras coisas naturais
Carta
“Também há outro [demônio], nos rios, aos quais chamam igupiara, isto é, moradores da água, os quais igualmente matam os índios. Perto de nós há um rio, habitado pelos cristãos, o qual antigamente os índios costumavam atravessar em pequenas embarcações, que faziam de um só tronco de árvore, ou de sua casca, antes de para aí se dirigirem os cristãos, a que muitas vezes eram por aqueles submergidos.”
Tratado Descritivo do Brasil em 1587
Tratado
“C A P Í T U L O CXXVII - Que trata dos homens marinhos.
Não há dúvida senão que se encontram na Bahia e nos recôncavos dela muitos homens marinhos, a que os índios chamam pela sua língua upupiara, os quais andam pelo rio de água doce pelo tempo do verão, onde fazem muito dano aos índios pescadores e mariscadores que andam em jangada, onde os tomam, e aos que andam pela borda da água, metidos nela; a uns e outros apanham, e metem-nos debaixo da água, onde os afogam; os quais saem à terra com a maré vazia afogados e mordidos na boca, narizes e na sua natura; e dizem outros índios pescadores que viram tomar estes mortos que viram sobre água uma cabeça de homem lançar um braço fora dela e levar o morto; e os que isso viram se recolheram fugindo à terra assombrados, do que ficaram tão atemorizados que não quiseram tornar a pescar daí a muitos dias; o que também aconteceu a alguns negros de Guiné; os quais fantasmas ou homens marinhos mataram por vezes cinco índios meus; e já aconteceu tomar um monstro destes dois índios pescadores de uma jangada e levarem um, e salvar-se outro tão assombrado que esteve para morrer; e alguns morrem disto. E um mestre-de-açúcar do meu engenho afirmou que olhando da janela do engenho que está sobre o rio, e que gritavam umas negras, uma noite, que estavam lavando umas fôrmas de açúcar, viu um vulto maior que um homem à borda da água, mas que se lançou logo nela; ao qual mestre-de-açúcar as negras disseram que aquele fantasma vinha para pegar nelas, e que aquele era o homem marinho, as quais estiveram assombradas muitos dias; e destes acontecimentos acontecem muitos no verão, que no inverno não falta nunca nenhum negro.”
Tratado da Terra do Brasil
Relato de Viajante
“Capítulo IX
DO MONSTRO MARINHO QUE SE MATOU
NA CAPITANIA DE SÃO VICENTE, ANO 1564
(...)
O retrato deste monstro é este que no fim do presente capítulo se mostra, tirado pelo natural. Era quinze palmos de comprido e semeado de cabelos pelo corpo, e no focinho tinha umas sedas muito grandes como bigodes.
Os índios da terra lhe chamam em sua língua ipupiara, que quer dizer demônio da água. Alguns como este se viram já nestas partes, mas acham-se raramente. E assim também deve de haver outros muitos monstros de diversos pareceres, que no abismo desse largo e espantoso mar se escondem, de não menos estranheza e admiração; e tudo se pode crer, por difícil que pareça: porque os segredos da natureza não foram revelados todos ao homem, para que com razão possa negar, e ter por impossível as cousas que não viu nem de que nunca teve notícia.”
Alternativas
(A) Segundo as lendas coloniais ressignificadas no decorrer dos séculos, o homem-marinho é conhecido por seu poder de se transformar em um belo jovem, vestido de branco e de chapéu, que seduz mulheres jovens e belas levando-as para o fundo do rio.
(B) Viajantes, colonos e religiosos em sua busca por fazer conhecer o “outro” colhem junto aos nativos informações e relatam a existência de tal entidade, sempre registrando suas características a partir de elementos conhecidos e reconhecidos no universo europeu.
(C) Trata-se de um ser mitológico de algumas culturas indígenas, associado ao litoral e a áreas ribeirinhas e que recebe variadas descrições de aparência e hábitos.
(D) Inserido no universo da cultura popular, o homem-marinho tem ao longo dos séculos seu nome e suas histórias modificadas, agregando novas funções, sendo despido da demonização e operando, por exemplo, como protetor.
Soluções para a tarefa
Respondido por
7
Vamos analisar cada alternativa por vez para, ao final, poder estabelecer a resposta correta da questão:
a) Falsa. No caso, esta opção refere-se à lenda do Boto, que seduz as mulheres e as engravida, não afoga.
b) Falsa. Nos registros apresentados, é a narrativa dos próprios indígenas a apresentada, não dos europeus.
c) Verdadeira. Trata-se exatamente do descrito.
d) Falsa. Em nenhum registro apresentado o homem-marinho é protetor.
Como apenas a alternativa c é verdadeira, trata-se da resposta correta da questão.
a) Falsa. No caso, esta opção refere-se à lenda do Boto, que seduz as mulheres e as engravida, não afoga.
b) Falsa. Nos registros apresentados, é a narrativa dos próprios indígenas a apresentada, não dos europeus.
c) Verdadeira. Trata-se exatamente do descrito.
d) Falsa. Em nenhum registro apresentado o homem-marinho é protetor.
Como apenas a alternativa c é verdadeira, trata-se da resposta correta da questão.
giordanoarnobip99rtp:
Essa questão é da ONHB, só tem uma alternativa errada
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