Bolachinhas e escova de dentes
Uma lembrança saborosíssima da infância é a casa da minha bisavó. Ela parecia personagem de livro. Era
baixinha, tinha o cabelo branco como a neve e usava sempre um vestidinho florido com cinto combinando. Quando
eu chegava para visitá-la, era só dar boa-tarde que ela pegava minha mão e me levava até o armário mais incrivel que
já vi na vida. Era uma porta estreitinha no corredor que dava na cozinha e era lá que ela guardava sua coleção de
latinhas de biscoito. Tinha latinha redonda, quadrada, estampada, florida, imitando casinha alemã e de todas as cores
e formatos que alguém pudesse imaginar. Eram lindas! O mais incrível é que cada uma guardava um tipo de biscoito
diferente. Amanteigado, de chocolate, com recheio, sem recheio, salgado, doce, tinha de tudo naquelas latinhas.
Quando eu chegava em frente ao armário ela me deixava escolher QUALQUER uma. O problema é que eu só podia
escolher UMA. Isso quer dizer que tinha uma única chance de acertar a latinha do sequilho de coco, que sempre foi o
meu favorito, e isso me deixava nervosa. Nervosissima!
Lembro até hoje do meu coração disparado em frente aquele armário cheio de cores e possibilidades, e dos
intermináveis segundos que separavam o momento que eu escolhia a latinha e a hora que descobria o que havia
dentro dela. Não era fácil. As vezes eu errava feio e pegava uma lata de biscoito salgado com temperos estranhos. Ah,
que tristeza que me dava!
Mas a minha história com biscoitos e bolachinhas não para por aí. Eu devia ter uns 9 ou 10 anos e, nessa época,
frutas e verduras estavam liberadas em casa, mas guloseimas e bolachinhas a gente só podia comer no fim de semana.
A questão é: como explicar para a barriga e para o cérebro da gente que eles só podem ter vontade de doce no sábado
ou no domingo? Impossível! Além disso, tudo o que é proibido tem um sabor especial de transgressão, e com as
bolachinhas não era diferente. Por isso pensei num plano infalível para conseguir comer biscoitinhos de coco em plena
terça-feira sem que ninguém em casa percebesse.
Esperei minha mãe sair, peguei minhas economias na gaveta do criado-mudo e guardei no bolso. Depois
passei no banheiro e preparei a bolsinha com escova de dentes e uma pasta bem cheirosa. Então desci para brincar
no condomínio, como eu sempre fazia.
Só que naquele dia não fui para o parquinho ao lado do prédio. Em vez disso, segui direto para um
supermercado que ficava ali perto. Atravessei a rua com todo o cuidado e entrei na loja torcendo para não encontrar
nenhuma vizinha amiga da minha mãe, porque isso estragaria meu plano.
Aquele parecia ser meu dia de sorte. Na seção de biscoitos encontrei minha marca favorita bem na altura dos
olhos. Peguei o pacote azul, fui até o caixa e comemorei silenciosamente quando constatei que o dinheiro
economizado seria suficiente para pagar pelo pacote. Então guardei minha compra no saquinho e fui andando de volta
para casa.
Já dentro do condomínio, encontrei um lugar tranquilo e sentei-me para saborear as deliciosas bolachinhas
crocantes. Eu estava feliz com a minha coragem e esperteza, orgulhosa de mim mesma. Terminei o lanchinho e fui até
o salão de festas do prédio, afinal precisava escovar os dentes antes de chegar em casa para ninguém desconfiar do
que tinha acontecido.
Mas a porta do banheiro estava trancada! Se eu contasse toda a história para o porteiro, talvez ele me
emprestasse a chave, mas talvez também comentasse com a minha mãe. Então fui até ele e usei todo o talento de
interpretação para fingir que estava apertadíssima para ir ao banheiro. Deu certo, só de ver minhas pernas cruzadas
ele já estendeu a mão com a chave do banheiro do salão. Aliviada, escovei os dentes como se estivesse indo para uma
1. qual é o assunto do texto?
2. quem relata os acontecimentos?como é possível perceber isso?
3. como é possível identificar quem é o autor?
4. Releia este trecho e responda .
O mais incrível é que cada um guardava um tipo de biscoito diferente . amanteigado , de chocolate, com recheio, sem recheio, salgado, doce, tinha de tudo naquelas latinhas. quando eu chegava em frente ao armário ela me deixava a escolher QUALQUER uma. O problema é que só podia escolher UMA. isso que dizer que tinha uma única chance de acertar a latinha do milho de coco, porque sempre foi o meu, é isso me deixava nervoso. nervosíssima!
a) Observe as palavras escrita totalmente com letras maiúsculas explique em qual é a intenção presente no texto com a utilização desse recurso.
b) explique o sentido da palavra *nervosíssima* no texto.Qual o efeito do final-ÍSSIMA nessa palavra?
5. Releia este trecho
[...]
Lembro até hoje do meu coração disparado em frente aquele armário cheio de cores e possibilidades, e dos intermináveis segundos que separavam o momento que eu escolhi a latinha e a hora que descobriria o que havia dentro dela.Não era fácil.Às os vídeos eu que raiva feio e pegava uma lata de biscoito salgado com temperos estranhos.Ah, que tristeza que me dava!
Soluções para a tarefa
Resposta:
- A lembrança que a bisneta tem da casa da bisavó.
- A pessoa que relata o acontecimento é a bisneta:"Uma lembrança saborosíssima da infância é a casa da minha bisavó."
- ...Bom talvez seja a menina, maas se tiver no final do texto uma parte q talvez c n colocou aqui na sua pergunta e falar o nome do autor então a resposta é aquela
- ....B)O efeito que a palavra tem é aumentar o sentimento.
- Eu preciso da pergunta, só tá o texto
Explicação:
Texto "Bolachinhas e escova de dentes" de Patrícia Auerbach.
1. O texto conta a história de uma menina que gostava de bolachas de coco.
2. Os acontecimentos são narrados por uma mulher.
3. É possível identificar a autora pela frase "e isso me deixava nervosa. Nervosíssima!".
4. a. A utilização de palavras grafadas em letras maiúsculas tem a intenção de focar nestas palavras, acentuando o sentido de qualquer ou uma.
4. b. A palavra nervosíssima significa nervosa ao extremo, que cria muita ansiedade.
Foco Narrativo
Ajuda na caracterização de quem narra um texto. De acordo com sua disposição na narrativa, ele pode assumir algumas funções.
Foco narrativo em terceira pessoa
Narrador não é participante ativo dos fatos descritos, podendo ser:
- Narrador onisciente: que conhece a história e os pensamentos dos personagens por completo na narrativa;
- Narrador observador: é o narrador que conta o que sabe, não intervindo na história.
Foco narrativo em primeira pessoa
O narrador também é um personagem, protagonista ou coadjuvante. Não é um narrador confiável, pois é o seu ponto de vista a narração.
Para mais informações sobre tempo narrativo, acesse:
https://brainly.com.br/tarefa/39670859