Filosofia, perguntado por angelinabrasp80psb, 1 ano atrás

baixo temos o trecho inicial do capítulo intitulado Da origem das ideias do livro clássico de David Hume e do pensamento empirista. De maneira didática e sugestiva, o autor consegue explicar através de exemplos a sua compreensão sobre a origem das ideias e, mais importante que isso, estabelece uma hierarquia entre o que chamou de ideias e impressões. A partir da leitura do texto proposto, reflita sobre as afirmações que seguem (de I a V) e, depois, escolha a única alternativa correta. Por fim, produza um pequeno texto justificando sua resposta.

“Cada um admitirá prontamente que há uma diferença considerável entre as percepções do espírito, quando uma pessoa sente a dor do calor excessivo ou o prazer do calor moderado, e quando depois recorda em sua memória esta sensação ou a antecipa por meio de sua imaginação. Estas faculdades podem imitar ou copiar as percepções dos sentidos, porém nunca podem alcançar integralmente a força e a vivacidade da sensação original. O máximo que podemos dizer delas, mesmo quando atuam com seu maior vigor, é que representam seu objeto de um modo tão vivo que quase podemos dizer que o vemos ou que o sentimos. Mas, a menos que o espírito esteja perturbado por doença ou loucura, nunca chegam a tal grau de vivacidade que não seja possível discernir as percepções dos objetos. Todas as cores da poesia, apesar de esplêndidas, nunca podem pintar os objetos naturais de tal modo que se tome a descrição pela paisagem real. O pensamento mais vivo é sempre inferior à sensação mais embaçada. Podemos observar uma distinção semelhante em todas as outras percepções do espírito. Um homem à mercê dum ataque de cólera é estimulado de maneira muito diferente da de outro que apenas pensa nessa emoção. Se vós me dizeis que certa pessoa está amando, compreendo facilmente o que quereis dizer-me e formo uma concepção precisa de sua situação, porém nunca posso confundir esta ideia com as desordens e as agitações reais da paixão. Quando refletimos sobre nossas sensações e impressões passadas, nosso pensamento é um reflexo fiel e copia seus objetos com veracidade, porém as cores que emprega são fracas e embaçadas em comparação com aquelas que revestiam nossas percepções originais. Não é necessário possuir discernimento sutil nem predisposição metafísica para assinalar a diferença que há entre elas. Podemos, por conseguinte, dividir todas as percepções do espírito em duas classes ou espécies, que se distinguem por seus diferentes graus de força e de vivacidade. As menos fortes e menos vivas são geralmente denominadas pensamentos ou ideias. A outra espécie não possui um nome em nosso idioma e na maioria dos outros, porque, suponho, somente com fins filosóficos era necessário compreendê-las sob um termo ou nomenclatura geral. Deixe-nos, por tanto, usar um pouco de liberdade e denominá-las impressões, empregando esta palavra num sentido de algum modo diferente do usual. Pelo termo impressão entendo, pois, todas as nossas percepções mais vivas, quando ouvimos, vemos, sentimos, amamos, odiamos, desejamos ou queremos. E as impressões diferenciam-se das ideias, que são as percepções menos vivas, das quais temos consciência, quando refletimos sobre quaisquer das sensações ou dos movimentos acima mencionados. (HUME, David. Ensaio sobre o entendimento humano. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000027.pdf. Acesso em 13 de junho de 2018. p.10).

I. Hume considera que as impressões ou as sensações diretas são superiores às ideias que podemos fazer delas.

II. As impressões são fundamentais e fonte do conhecimento, mas o autor considera como prioritárias e mais importantes as ideias, ou seja, a reflexão.

III. No texto de Hume há uma aproximação positiva entre o empirismo e o racionalismo cartesiano no momento em que afirma que a origem do conhecimento é o pensamento e a consciência.

IV. O texto de Hume expressa com exemplos diversos a defesa empirista da origem do conhecimento a partir dos sentidos.

V. Hume, como pensador fundamental da corrente empirista do conhecimento, defende os sentidos e a experiência sensível, mas considera que o conhecimento somente é possível pela operação racional, que é o princípio fundamental de todo conhecimento.

a. As afirmações I, II e V estão de acordo com o empirismo e o pensamento de Hume.

b. As afirmações I, IV e V estão de acordo com o empirismo e o pensamento de Hume.

c. As afirmações II, III e V estão equivocadas.

d. Somente as afirmações IV e V estão de acordo com o empirismo e o pensamento de Hume.

Soluções para a tarefa

Respondido por elamambretti
8

Olá,

I. Verdadeiro. Para Hume, as impressões são percepções apreendidas pela experiência, interna ou externa, são vivas e claras, enquanto que as idéias são percepções mais fracas, embaçadas, como uma cópia. Coloca assim as impressões como causadores das idéias e estabelece diferentes graus de vivacidade.

II. Falso. as impressões são fundamentais e fonte de conhecimento, advindo com a reflexão. As idéias não carecem de reflexão, são como um esboço  de uma impressão.

III. Falso. Para o racionalismo cartesiano não é possível fazer distinção entre impressão e ideia, A percepção do ser pensante é a origem do conhecimento. Para Hume todo conhecimento é adquirida a partir da impressão, da experiência, que temos do que nos rodeia, o pensamento é a fonte do conhecimento.

IV. Verdadeiro. Para Hume não existem ideia inatas ou conhecimento abstrato, o conhecimento está nas impressões adquiridas através dos sentidos: do sentir, do pensar, do questionar, do recordar.

V. Falso. Para Hume a base do conhecimento está submetida as experiências, adquirida pelas impressões: percepção e ideia.

Alternativa corretaa: c. As afirmações II, III e V estão equivocadas.


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