AutopsicografiaO poeta é um fingidor.Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dorA dor que deveras sente.E os que lêem o que escreve,Na dor lida sentem bem,Não as duas que ele teve,Mas só a que eles não têm.E assim nas calhas de rodaGira, a entreter a razão,Esse comboio de cordaQue se chama coração.Fernando Pessoa. Autopsicografia. In: Obra completa. Porto: Lello & Irmãos,De acordo com o poema, é específico do processo de criaçãoliterária o fato de o poetaI. escrever não o que pensa, mas aquilo que deveras sente.II. ser capaz de captar e expressar os sentimentos dos leitores.III. transformar um elemento extraliterário, como a dor, em objetoestético.Está certo o que se afirma apenas ema) I.b) II.c) III.d) I e II.e) I e III.
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Está certo o que se afirma apenas em:
c) III
De acordo com o poema, é específico do processo de criação literária o fato de o poeta:
III. transformar um elemento extraliterário, como a dor, em objeto estético
> Esse é o único item correto, pois o poeta cria, inventa com base em uma experiência real, residindo aí a criação literária.
Assim, ele parte de uma dor real, vivida, para criar uma segunda dor, fingida.
Os itens I e II são falsos, porque o poeta escreve sim o que pensa, pois sempre parte de experiências reais, vividas.
Porém, o poeta não capta e expressa os sentimentos dos leitores. Os leitores trazem sua própria experiência pessoal e, com a sua imaginação, criam também uma dor, uma quarta dor.
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