Atualmente, o discurso político tem reproduzido uma polarização ideológica em determinados grupos, engendrando e sustentando o ódio, o racismo, a misoginia, a homofobia etc. Portanto, diante de um estado de anomia social (insegurança, desemprego, descrença, expectativas frustradas) um discurso popular, amplamente disperso, representa uma estratégia eficaz para aumentar a coesão de um grupo. Não obstante, o que esse movimento produziu foi a emergência daquilo que é estrutural na sociedade: sua divisão. Desse modo, o pertencimento a determinado grupo encaminha o ódio para o inimigo que estaria causando essa situação. Podemos conferir historicamente como algumas figuras são colocadas nesse lugar, como por exemplo, a figura do judeu na Alemanha nazista. A história já nos ensinou que nesses momentos surge uma figura caricata do nosso cotidiano, que sempre esteve lá, fazendo o papel do ridículo, daquele que “fala a verdade”, daquele que é “autêntico”, daquele que ninguém leva muito a sério. Todavia, quando as instituições partidárias e políticas entram em uma crise profunda, esse “pequeno grande homem” (termo de Theodor W. Adorno) surge como aquele que pode eliminar o elemento que está causando a divisão social. Nesse sentido, as minorias seriam o motivo que impede a sociedade de existir de forma harmoniosa. Por intermédio de palavras de ordem proferidas como verdades fabricadas (fake News) no forno da pós-verdade, suas ações são legitimadas sem a necessidade de terem correspondência com os fatos. Basta hastear a bandeira da “ordem e do progresso”, com uma promessa fajuta de devolver a harmonia de um paraíso perdido. Esse tipo de situação desperta fantasias infantis, colonizadas pelo poder soberano de um pai protetor, de um pai que ao ser erigido causa uma ambivalência, ou seja, pode ser muito amado, mas também muito temido. Diante do qual renunciamos nosso arbítrio e nossa capacidade de pensamento próprio, uma confiança que está baseada: a) em uma comunhão de afetos e não em um programa de governo, b) em um conjunto de argumentos retóricos destituídos e despidos de qualquer conteúdo explicativo. É um discurso que cativa quem está desamparado ou desiludido. Assim como o medo, o desamparo também é um afeto potente para o ditador. A figura do pai protetor (posição de Ideal do eu) reedita experiências infantis de segurança e proteção. Um discurso, portanto, que infantiliza o eleitorado, tendo em vista que o debate é sequestrado do espaço público e privatizado pelas redes sociais. O debate, portanto, é simplificado. De certa forma, é um estilo muito sedutor, já que o eleitor se sente representado nessa forma superficial de encarar a situação e de pensar o Estado, seus setores e suas instituições. O caminho está aberto para o líder condutor das massas, que infantiliza e desautoriza a tomada de decisão ou mesmo o raciocínio crítico. Todavia, defendemos que a política não pode ser colonizada por fantasias infantis que convocam um “pai forte” colocado no lugar de Ideal do eu. Os discursos ideológicos são oportunistas, pois, se aproveitam de um momento de profunda instabilidade social, econômica e política, diante da qual as pessoas se veem desamparadas e carentes por um líder. Leia o texto com atenção e de acordo com teoria social freudiana assinale a alternativa INCORRETA: *
a) Freud analisa a identificação que as massas fazem com o líder, com o qual elas se identificam por um traço. Nessa identificação se reproduz uma forma de regressão massiva, na medida em que o amor ao líder (identificação primária) produz, por um lado, uma identificação secundária com os irmãos, e por outro, uma rivalidade com outra massa contrária a seus ideais.
b) A dinâmica dos afetos, tais como o ódio, o amor, o desamparo, estão relacionados com traumas vividos da infância e reproduzidos na vida adulta, sendo assim, o laço social não tem influência na manifestação da segregação e violência contra grupos considerados minorias;
c) Nos processos identificatórios reside a origem da agressividade e do conflito entre os grupos sociais. Nesta esteira argumentativa, Freud confere uma considerável importância para a identificação na constituição e funcionamento dos processos psíquicos. Justamente, porque a identificação representa “a mais antiga exteriorização de um laço afetivo com outra pessoa”.
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