Atividade da aula 04
Para sentir a atmosfera do poema, lembremos que um dos traços mais tipicos do
Romantismo é o seu lado noturno. Na atitude predominante do clássico ha certa al
Na atitude predominante do clássico há certa afinidade com a luz
clara do dia, como se ela fosse a da razão que esquadrinha, revela e peneira em todas
inversamente, a noite parece mais ajustada a uma corrente que valoriza o mistério, respeita
mexplicavel e aprecia os sentimentos indefiníveis. Daí o gosto pela noite como nora, quando
escuridao reina e se associa na imaginação a acontecimentos anormais ou sobrenaturais, pontilhados
de fantasmas, crimes e perversões (no "I juca Pirama" aparecem as iarvas da noite sombria" ); mas
também o gosto pela noite da alma, modo de ser melancólico ou lutuoso, dominado pelas emergências
do inconsciente [...]”.
(CÂNDIDO,2000).
pergunta
Disserte, aqui, conforme orientações da Atividade 04
Soluções para a tarefa
Este poema é escrito como se fosse um diálogo de figurantes marcados: "Eu"
fala na primeira pessoa, dirigindo-se a um cavaleiro, que adiante é denominado "O
Fantasma", e responde satisfazendo a sua curiosidade.
"Eu" vê esse cavaleiro revestido de couraça escura galopar num vale também
escuro, levantando poeira e despertando o grito dos mortos, enquanto um fantasma
lhe morde os pés. Os olhos do cavaleiro brilham e ele solta gemidos, trazendo
desembainhada na mão uma espada cheia de sangue. Talvez haja feito algo terrível,
pois parece que é seguido por um tropel e um brado de vingança, partidos do alto
da montanha que costeia o vale. O observador, situado em posição ideal, quer saber
aonde vai, quem é, por que manifesta sofrimento e por que vaga pela noite cheia de
assombramentos; e chega a supor que seja encarnarão de um remorso. Essa
hipótese, feita em forma interrogativa, não satisfaz, pois subsiste no "Eu" o
sentimento de estar ante um mistério maior, até que sua pergunta angustiada seja
respondida pelo "Fantasma": este diz então que é o sonho da sua esperança, a sua
febre sem repouso, o seu delírio sem solução. Essa revelação parece esclarecer o
mistério. Sobretudo se nos reportarmos ao título: o sujeito do enunciado estaria
descrevendo um sonho, onde se vê a angústia devida à frustração das aspirações,
corporificada num cavaleiro que galopa pelo reino da morte.
Esse primeiro sentido é válido. A análise do nível estético fará ver como ele se
traduz em linguagem poética, e pode abrir
caminho para a captação de outros, pois o ar de mistério leva a crer que o poema
é mais complexo do que a leitura inicial sugere. De fato, o problema é saber que
sonho, que febre e que delírio mortal são esses. Note-se que "Eu" funciona como
observador ideal, cuja percepção institui o assunto; e que não conta algo
ocorrido, mas mostra o que está ocorrendo, numa apresentação de tipo
dramático, realçada pela indicação dos figurantes e expressa pelos verbos, que
estão todos no indicativo presente. De tal modo que o tempo narrado (ou da
narração) é igual ao tempo narrativo (ou do narrador), pois a ação decorre
simultaneamente ao ato de mostrá-la.