As primeiras relações entre literatura e sociedade partiram dos escritos de Karl Marx e Friedrich Engels, teóricos alemães que impactaram os estudos a respeito das relações sociais e econômicas em sua época. Entretanto, ao abordar as criações artísticas como reflexo da sociedade que as produz, o marxismo se deparou com questões a respeito da validade das obras do passado para as quais não encontrou respostas satisfatórias. Sob influência das ideias de filósofos idealistas, o pensador Georg Lukács continuou a desenvolver as questões marxistas quanto às relações entre arte e sociedade, concluindo que:
Soluções para a tarefa
Resposta:
. Na morfologia do conto, a função é o conceito fundamental, significando a
ação da personagem do ponto de vista de sua importância para o desenvol-
vimento da narrativa.
4. Greimas identifica três tipos de provas: a qualificativa, que evidencia a habi-
lidade do herói para o cumprimento da tarefa; a principal, quando ele repara
o dano motivador da ação narrativa; e a glorificante, quando revela sua su-
perioridade sobre os demais concorrentes.
5. Greimas identifica seis actantes, divididos em três pares: o sujeito e o objeto;
o destinador e o destinatário; o adjuvante e o oponente.
Literatura e sociedade
A literatura para além do texto
Durante o século XX, a Teoria da Literatura consolidou-se enquanto
campo do saber vocacionado para o estudo da obra literária, a qual foi
entendida preferencialmente como texto, em que se identifica um discur-
so diferenciado que requer uma investigação específica, caracterizada por
uma instrumentação própria. As vertentes estruturalistas, hegemônicas
sobretudo nos anos 1960, mas com raízes que remontam aos anos 1920 e
1930, aprofundam as concepções relativas à autonomia do texto literário,
entendendo-o enquanto um sistema autossuficiente capaz de englobar e
transmitir as informações relativas à sua natureza, constituição e sentido.
Mesmo nesse período, porém, o contexto não foi ignorado. Estrutura-
listas como Iuri Lotman sublinharam o caráter comunicativo da obra lite-
rária, identificando os elementos internos que operavam na direção da co-
municação de uma mensagem. Associar a literatura a um tipo de discurso
ou acentuar as peculiaridades da função poética no seio de uma teoria da
linguagem: eis outros caminhos que apontam para a comunicabilidade da
obra literária e seu processo de interação com o mundo extraliterário, seja
o contexto social, a história ou o público leitor.
Na mesma década de 1960, os pesquisadores comprometidos com o
Estruturalismo recuperam o pensamento de Mikhail Bakhtin, até então
banido pela política cultural stanilista e praticamente desconhecido por
seus conterrâneos. A reedição e a tradução de seus livros facultaram a di-
fusão de suas principais teses, relativas à natureza dialógica da linguagem,
que, transportada para a obra literária, aparece sob a forma da polifonia,
expressão que dá conta das múltiplas vozes que se manifestam no tecido
linguístico do texto.
O reconhecimento da polifonia, ao lado da identificação da intertex-
tualidade, afiançava os laços de cada texto com outros textos, ao mesmo
tempo em que indicava suas relações com o que estava fora dele \u2013 a saber,
os contextos históricos e sociais.
146
Literatura e sociedade
examinada desde o século XIX pelos estudiosos vinculados à História da Litera-
tura, bem como por intelectuais que perguntavam pelo papel social das criações
artísticas, sobretudo as literárias.
Literatura e sociedade
É nos escritos de Karl Marx e Friedrich Engels que se encontram as primeiras
reflexões sobre as relações entre a literatura e a sociedade. Suas ideias aparecem
disseminadas em seus escritos, que expõem suas convicções relativamente aos
seguintes pontos
as criações artísticas expressam interesses das classes sociais que as pro-
duzem e, assim sendo, têm valor documental, pois, examinando seus ob-
jetos culturais e literários, é possível conhecer as inclinações ideológicas
do grupo dominante;
sob esse aspecto, a arte reflete a sociedade, de que decorre seu caráter
fundamentalmente realista e, por sua vez, o artista pode transcender sua
posição de classe e tornar-se um crítico do meio de que faz parte, mas de
todo modo, para entender uma obra e o que ela diz sobre o grupo social e
sua época, é preciso conhecer o contexto a que ela se refere.
O posicionamento marxista incide em dois problemas. O primeiro diz res-
peito à determinação da sociedade sobre a arte, já que esta é apenas um dos
elementos da superestrutura, não podendo ser entendida enquanto objeto au-
tônomo.
a correntes consideradas idealistas. Esses autores, contudo, foram os que, mesmo
após a conversão de Lukács ao Marxismo, fundamentaram suas reflexões sobre
as relações entre a literatura e a sociedade.
Seus pressupostos não desmentem as teses originais do Marxismo ao aceitar a
noção de que a arte reflete a realidade objetiva. Essa, por sua vez, não é abstrata
e universal, mas concreta e histórica; consequentemente, toda a arte é mimética,
sendo o Realismo a principal categoria estética de seu pensamento.
A perspectiva realista poderia dar a falsa impressão de que Lukács preocupa-se
com temas particulares e locais, próximos do universo conhecido. Pelo contrário,
o estudioso húngaro chama a atenção para a circunstância de que a exposição de
um fato concreto e específico deve traduzir uma questão que diz respeito a todos.