As formas verbais, as quais se dividem em três, isto é, infinitivo, gerúndio e particípio, são aquelas em que as terminações não apresentam flexão de pessoa, número, tempo ou modo.
Elas recebem essa nomenclatura porque podem ser empregadas como nomes (substantivo, adjetivo e advérbio) em algumas situações, por exemplo: "O andar dela é estranho" (determinado pelo artigo "o"); "A árvore estava cortada" (estado/característica da planta); "Ele chegou cantando" (advérbio de modo). Além de serem compostas por certas terminações, elas contribuem à leitura, pois cada uma produz um sentido diferente.
Tendo em vista as características desses elementos verbais, leia a letra da música "Aquarela", apresentada a seguir:
Aquarela
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão
E me dou uma luva
E se faço chover, com dois riscos
Tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando, contornando
A imensa curva norte-sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Branco navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo
Sereno e lindo
E se a gente quiser
Ele vai pousar
Numa folha qualquer
Eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida
De uma América a outra
Consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente a esperar
Pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda nossa vida
E Depois convida
A rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
Que descolorirá
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
Que descolorirá
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo
Que descolorirá
Composição: Maurizio Fabrizio, Guido Morra, Toquinho, Vinícius de Moraes. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2019.
Diante disso, analise a letra de música e produza uma resposta interpretativa que responda as seguintes questões:
a) Quanto às formas nominais, de que modo as estrofes 4, 5, 6, 7 e 8 se diferenciam das demais? Justifique e dê exemplos que comprovem a sua resposta.
b) De que modo o uso das formas nominais contribui à construção e sentidos da canção?
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a) As estrofes 4, 5, 6, 7 e 8 se diferenciam das demais quanto às formas nominais na medida em que as orações contém locuções verbais formadas por uma dessas formas, como gerúndio ou infinitivo.
Veja:
"Vai voando, contornando
Vou com ela viajando "
"Branco navegando "
"Entre as nuvens vem surgindo "
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar"
"Basta imaginar e ele está partindo
Ele vai pousar "
"Bebendo de bem com a vida "
b) Como as formas nominais não apresentam flexão de tempo, modo e pessoa, seu uso traz ao texto um aspecto impessoal e atemporal. Ou seja, as ações podem ser realizadas por qualquer pessoa e em qualquer momento da vida.
O uso do gerúndio dá ideia de continuidade, como se as ações não tivessem começo nem fim.
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