Arvores sempre dão crônicas [. ] Quando criança, lembro do dia em que plantamos uma jabuticabeira no quintal de casa. Meu pai a trouxe da feira, abrimos um buraco no gramado, fincamos o pequeno pé e nos plantamos ali por um tempo jogando água e adubo para ela vingar. Achei que na manhã seguinte, nosso novo brinquedo começaria a brotar jabuticabas diariamente em escala industrial. Doce ilusão. Doce, não, amarga. Para minha decepção, a jabuticabeira [. ] levou ainda um ano ou dois para encher nossos tupperwares1 com seus frutos. Ali, descobri que árvores não se apressam. [. ] Se existe um ser que respeita e se submete aos ciclos da natureza e às estações, esse ser é a árvore. [. ] Quando meus pais se mudaram da casa, 25 anos depois, fui até aquele quintal num sábado cedo com minha esposa e nossas filhas e entre as tantas plantas que meu pai cultivava no jardim, foi na jabuticabeira que amarrei o olhar. A verdade, me dei conta, é que nunca gostei muito de jabuticabas – mangas, mexericas, morangos, uvas e bananas ocupam a lista de favoritas à frente de bolinhas pretas com caroço – mas eu gostava demais daquela árvore. Porque árvores nos dão histórias. E seguem nossa história quando temos o privilégio de passar a infância e os anos depois da infância convivendo ao redor de seu tronco e sob a sombra de seus galhos. Quando vemos suas folhas caindo, suas sementes germinando o chão e quando finalmente chega o tempo em que nós é que lançamos as pequenas sementes nessa terra, e os filhos brotam e crescem e correm ao nosso redor, sob nossa sombra, sob nossos galhos, até que ciclos e ciclos e ciclos se renovem. Porque as árvores nos dão também a noção do tempo que as coisas levam para acontecer nas estações da vida e nessa existência apressada que levamos. Sabiás e bem-te-vis cantam em meio às árvores lá fora agora. Duas meninas cantam e dançam pela casa agora. Ainda é primavera e há árvores na rua e flores por esse chão todo aqui. E há sementes. As sementes que lançamos no mundo e que, mais do que crô.
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A lembrança de quando o narrador plantou uma jabuticabeira no quintal de casa.
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Acredito que seja a que faz mais sentido
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B) A lembrança de quando o narrador plantou uma jabuticabeira no quintal de casa.
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