Apresente uma crítica sobre a obra literária "Ubirajara"
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Resposta:
José de Alencar, com seu projeto indianista, não se deu por satisfeito com O
Guarani e Iracema; havia uma lacuna que precisava ser preenchida. Ubirajara veio
completar esse projeto através da construção da imagem do selvagem puro, antes da
chegada dos europeus.
Nesse romance, o índio é retratado com toda a magnitude e nobreza do herói
romântico, com sua força, coragem, honra,etc. Ubirajara é a figura do rude
representante das selvas brasileiras, idealizado como símbolo de uma literatura nascente
que retorna às origens em busca da nacionalidade.
Ubirajara se diferencia dos outros romances indianistas alencarianos não apenas
pela imagem do selvagem puro, mas também e principalmente pelo processo de
construção do livro, pela estrutura do texto e pelo que está foradele.
A perigrafia desse romance é destacada por José de Alencar através dos
elementos paratextuais (título, nome do autor, prefácio, notas, etc). Nesse caso, as notas,
local escolhido pelo autor para a construção de um novo texto, paralelo, complementar,
sustentatório, base do texto principal, da narrativa do romance.
Esse processo inovador na confecção do romance nos atraiu para um estudo
maisaprofundado dessa obra. Optamos por iniciar pela discussão e comparação de
alguns autores que compõem a crítica literária brasileira e que se dedicaram ao estudo
das obras indianistas de José de Alencar, autor que sempre teve seus textos investigados
pela crítica. Entre os vários questionamentos levantados, destaca-se a originalidade e a
nacionalidade das obras indianistas desse escritor.Após esse estudo teórico, faz-se necessário uma análise da narrativa, explorando
o enredo, a caracterização dos personagens, o lirismo, etc. Fase importante, pois
Ubirajara não é um livro de destaque na bibliografia de Alencar, por isso poucos
1estudos são encontrados. Trata-se de um romance que geralmente é citado, sem maiores
aprofundamentos, dentro do conjunto indianista desse autor, aocontrário de O Guarani
e Iracema.
No entanto, seu processo de composição não o torna inferior perante esses outros
romances. Nele José de Alencar se revela, além de um exímio escritor, um leitor crítico,
um pesquisador da etnografia indígena brasileira. Como afirma Santiago (1984), "à
medida que passam os anos, sua visada se torna mais crítica". Após um bom tempo
dedicando-se às leituras doscronistas, viajantes, naturalistas e missionários, que foram
os primeiros a relatarem sobre o Brasil e seus habitantes: os índios.
No texto periférico, que também chamamos de histórico/crítico, Alencar
ultrapassa, em alguns momentos, os padrões de publicação, construindo, nas notas,
textos inteiros com citações dos cronistas, comparando-os e criticando-os. Ele tenta
colocar todas as informaçõespossíveis para sustentar as imagens apresentadas no texto
literário, na tentativa de convencer o leitor da proximidade com o "real". Isso porque
esses relatos constituíam o que havia de registro (sobre os índios, seus costumes e a
natureza brasileira) disponível na época.
Para melhor compreensão do texto, tentamos seguir, de forma bem mais
modesta, o mesmo percurso das leituras de José deAlencar por meio das referências
fornecidas por ele nas notas. Essas referências nos remetem a vários escritores
importantes, como: Southey, Gabriel Soares, Ives d'Evreux, Orbigny, Thevet, Barlous,
Humboltd, Léry, Guilherme Piso, Abbeville, Simão de Vasconcellos, Hans Staden,
Marcgraff e outros, como Gonçalves Dias que, com suas pesquisas e viagens, trouxeram
muitas contribuições para a etnografiabrasileira. Depois de percorrer o curso das
leituras de Alencar, foi possível analisar as notas mais significativas do romance,
aquelas em que o autor compara, cita, discute, descreve e critica as informações
2fornecidas pelos cronistas.