APRESENTAÇÃO
Quando portugueses e espanhóis chegaram à América, trouxeram consigo a Igreja Católica representados pelos padres e mais tarde pelos jesuítas. A catequização dos colonos e dos indígenas foi uma maneira de sobrepor a cultura católica ibérica sobre o novo território, demarcando o poder que a religião
tem sobre os conquistados.
Para compreendermos essa dominação precisamos relembrar um pouco o conceito de Reforma Protestante. No século XVI, o monge agostiniano Martinho Lutero ao protestar contra as ideias da Igreja
Católica que ele considerava injustas acabou gerando uma série de novas Igrejas cristãs que traziam
uma nova visão de cristianismo diferente do catolicismo como por exemplo a tradução da bíblia do latim
para as línguas locais, a proibição de adoração de imagens e a compreensão de que as obras terrenas
facilitariam a salvação.
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Como resposta a essa multiplicação de Igrejas, a Igreja Católica realiza a chamada Contrarreforma.
Entre 1545 e 1563 o papa Paulo III organizou o Concílio de Trento com o objetivo de criar estratégias
para ampliar novamente o domínio religioso católico e frear as novas Igrejas. Dentre outras medidas,
o concílio decidiu:
• Criar o Index, um catálogo que continha os livros proibidos de serem lidos por irem contra as
ideias da Igreja.
• Instituição da Inquisição, um tribunal religioso que julgava os infiéis e aqueles que duvidavam do
que pregava a Igreja, chamados de hereges.
• Criação de ordens religiosas que tinham como objetivo levar a palavra de Deus para lugares distantes, assim foram criados dentre outras ordens, a Companhia de Jesus fundada por Santo Inácio de Loyola e seus membros eram chamados de jesuítas.
A partir da criação de ordens religiosas foi que as cortes portuguesa e espanhola passaram a trazer os
jesuítas para a América com o objetivo principal de catequizar, ou seja, ensinar a palavra de Deus para
os colonos e os indígenas (considerados pessoas de alma pura e digna de ser salva). Para realizar os
trabalhos nas colônias, os europeus capturavam os indígenas e os utilizavam como trabalho escravo.
Quando os jesuítas chegam à América, proíbem a escravização dos indígenas e travam conflitos contra
os colonos. Como saída para a proibição, os europeus intensificam a busca por mão-de-obra escravizada na África (o que se reflete em outro problema racial hoje no Brasil).
Para facilitar a catequização dos indígenas, os jesuítas criam as missões jesuíticas, povoados administrados por eles e que tinham o objetivo de reunir índios para serem catequizados, dessa maneira, eles
conseguiam impedir que os índios fossem capturados e escravizados.
Na região sul do Brasil, por exemplo, foram criadas várias dessas missões, incluindo a cidade de São
José das Missões que abriga hoje as ruínas de uma missão abandonada. Entretanto, no período colonial
a região pertencia aos espanhóis e os jesuítas vieram a mando do rei espanhol.
Em 1750, Portugal e Espanha haviam assinado o Tratado de Madrid, que dividia o território americano
entre os dois países. Isso ocorreu porque os portugueses fizeram expedições para o interior do continente, ultrapassando os limites do Tratado de Tordesilhas já que por 60 anos, as duas coroas estavam
sob o domínio da Espanha. Portugueses e espanhóis passaram a demarcar as suas posses novamente,
mas sem respeitar os territórios abrigados pelos indígenas. Em 1753 os índios que viviam na região sul
entraram em conflito com os exércitos ibéricos. Os jesuítas lutaram do lado dos índios, mesmo assim
não foram capazes de impedir a demarcação e em 1756 os indígenas se renderam e Portugal expulsou
os jesuítas do Brasil
1 – (UFJF/MG) [adaptada] – “Quando chega a época do amanho da terra e da sementeira, (...) o padre
dá a cada índio duas ou três juntas de boi para o tamanho da roça (...). Pois o padre chegou a um índio,
que lhe parecia ser o mais aplicado. Que tinha ele feito dos bois, que o padre tinha lhe emprestado? (...)
o coitado está com fome, desatrela o zebruno e o abate. (...) Desta maneira, o pobre boi do arado virou
fumaça num único almoço (...) Aos europeus isto parecerá incrível, mas aqui entre nós é a pura verdade,
que os índios deixam estragar as espigas de milho maduras e amarelas, se os padres não os ameaçam
expressamente com 24 pancadas de sova como castigo. Castigar desta maneira paternal tem resultado
extraordinário, também entre os bárbaros mais selvagens, de sorte que nos amam de verdade, como os
filhos aos pais.”
SEPP, Anton. (1655-1733). Viagem às missões jesuíticas e trabalhos apostólicos. São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 1972, p. 87.
A passagem acima se refere ao trabalho que os jesuítas desenvolveram junto aos índios do Brasil, nos
séculos XVI e XVII. Sobre essa relação entre índios e jesuítas responda:
c) Qual a crítica que o próprio texto faz sobre o modo como os jesuítas agem?
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