Antes
Eu sou gordo.
Eu não sou “gordinho” ou “cheinho” ou “fofinho”. Eu sou pesado, ocupo espaço e as pessoas me olham torto na rua. Sei que existem pessoas no mundo com problemas muito maiores que os meus, mas eu não costumo pensar no sofrimento dos outros quando eu estou vivendo meu próprio sofrimento na escola. O ensino médio tem sido meu inferno particular pelos últimos dois anos e meio.
Às vezes tenho a impressão de que a lista de apelidos pra gente gorda é infinita. Claro que isso não quer dizer que essa lista seja criativa, mas fico impressionado com a quantidade de nomes que os caras da escola conseguem inventar, quando seria muito mais fácil me chamar apenas de Felipe.
Desde que eu quebrei uma cadeira no começo do ano na aula de geografia, as pessoas cantam Wrecking ball baixinho quando eu passo no corredor. Duas semanas depois, outro aluno da minha turma também quebrou uma cadeira. Ninguém canta Miley Cyrus pra ele. Adivinha só? Ele é magro.
Sempre fui gordo, e viver por dezessete anos no mesmo corpo me tornou um especialista em ignorar os comentários. Não estou dizendo que me acostumei. Ninguém se acostuma com lembretes diários de que você é uma bola de demolição. Só me acostumei a fingir que não é comigo.
No ano passado, sem ninguém saber, comprei uma revista adolescente dessas que vêm com pôster de boyband. Eu gosto de boybands (mais do que eu tenho coragem de admitir), mas o que me fez comprar uma revista foi uma chamada no cantinho que dizia “Insegurança com o corpo? Fala sério, amiga!”.
Segundo a revista, um adolescente acima do peso que quer ser descolado e ter amigos precisa compensar. Basicamente, se você for muito engraçado, ou muito estiloso, ou muito simpático, ninguém vai notar que você é gordo. Fiquei um tempo pensando nas minhas compensações. Não encontrei nenhuma.
Quer dizer, eu me considero um cara engraçado. As pessoas me amam na internet (543 seguidores no Twitter e contando). Mas quando se trata de socializar na vida real, sou um grande fracasso. Zero no teste de simpatia. E sobre meu estilo? Ha. Ha. Eu definiria meu estilo como tênis, jeans e uma camiseta cinza razoavelmente limpa. É difícil ter roupas legais quando você veste XGG.
MARTINS, Vitor. Quinze dias. São Paulo: Globo Alt, 2017.
No quarto parágrafo há o uso do vocábulo “quando” em “as pessoas cantam Wrecking ball baixinho quando eu passo no corredor”. Não é possível considerar tal vocábulo como pronome relativo, pois
A
ele não retoma o vocábulo “baixinho”, mas sim o vocábulo “pessoas”.
B
ele exige a presença de preposição antes do pronome relativo.
C
ele pode ser substituído pelo pronome relativo de posse “cujo”.
D
ele retoma a palavra “pessoas” para uma melhor coesão frasal.
E
ele é uma conjunção que traz o valor de tempo para a ação de as pessoas cantarem.
akemimore773:
Alguém pode me ajudar por gentileza?
Soluções para a tarefa
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Resposta:
c
Explicação:
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Resposta:
caraca
acho q é a letra "c"
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