ENEM, perguntado por brunoartthur7849, 1 ano atrás

Anoitecer
A Dolores
É a hora em que o sino toca,
mas aqui não há sinos;
há somente buzinas,
sirenes roucas, apitos
aflitos, pungentes, trágicos,
uivando escuro segredo;
desta hora tenho medo.
[...]
É a hora do descanso,
mas o descanso vem tarde,
o corpo não pede sono,
depois de tanto rodar;
pede paz – morte – mergulho
no poço mais ermo e quedo;
desta hora tenho medo.
Hora de delicadeza,
agasalho, sombra, silêncio.
Haverá disso no mundo?
É antes a hora dos corvos,
bicando em mim, meu passado,
meu futuro, meu degredo;
desta hora, sim, tenho medo.
(ANDRADE, C. D. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 2005 (fragmento)).

Com base no contexto da Segunda Guerra Mundial, o livro A rosa do povo revela desdobramentos da visão poética. No fragmento, a expressividade lírica demonstra um(a)

a) defesa da esperança como forma de superação das atrocidades da guerra.
b) desejo de resistência às formas de opressão e medo produzidas pela guerra.
c) olhar pessimista das instituições humanas e sociais submetidas ao conflito armado.
d) exortação à solidariedade para a reconstrução dos espaços urbanos bombardeados.
e) espírito de contestação capaz de subverter a condição de vítima dos povos afetados.

Soluções para a tarefa

Respondido por francajoanecaro
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Resolução

Em “Anoitecer”, o eu lírico não demonstra qualquer tipo de esperança com relação ao fim da guerra, ao contrário, sente-se sufocado e oprimido diante dela. Mesmo nos momentos de descanso, em que procura a paz, ou a morte, ainda ouve a continuidade da guerra, sugerida metonimicamente por diversos vocábulos do texto, como sino (igreja), buzinas (trânsito), sirenes (ambulâncias). As instituições humanas, representadas por essas metonímias, permanecem submetidas à agitação e ao caos do conflito armado.

Resposta: C

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