Analise o fragmento de texto a seguir.
O desvio da concordância
A questão é que mais de um fator intervém na regra, a maioria ligada à relação do falante com o que é enunciado. E o fato é que é perceptível a distância que há entre o que diz a gramática e o que usam os falantes.
Para o dicionarista Francisco Borba, da Unesp de Araraquara, quanto maior a quantidade de termos e intercalações a separar sujeito e verbo numa oração, maior a ausência das marcas de concordância. A questão, no entanto, é que a falta de concordância parece ter deixado de ser mero sinal de desvio gramatical ou de baixa escolaridade, e é duvidoso que em algum momento tenha sido atributo exclusivo das camadas mais pobres do país.
A evidência empírica dessa constatação é relativamente recente, mas categórica. O professor Ataliba de Castilho, da USP, foi um dos artífices do projeto Norma Urbana Culta (Nurc), que gravou 1.500 horas de falas em cinco capitais brasileiras, entre 1970 e 1978. A partir desse corpus de pesquisa, Ataliba e uma equipe de especialistas chegaram ao século 21 tendo percebido que muito do que se prega sobre concordância não passa de mito, marcado por artificialidades e juízos de valor.
Segundo Ataliba, a ideia de que o verbo concorda com o sujeito nem sempre se aplica, mesmo pela elite bem formada no idioma. Na linguagem falada culta, o sujeito concorda quando vem antes do verbo. Quando vem depois, não ocorre com frequência. Se o verbo está no começo da sentença e o sujeito, no fim, com muitas ideias entre um e outro, ela não se observa. [...]
Fonte: Revista Língua, 06/2010 - Edição 56. Disponível em: .
A partir da análise do texto acima, considerando as características do conteúdo – concordância verbal – avalie as proposições a seguir.
I. O estudo do desvio da concordância verbal não deve ser analisado no âmbito da oralidade.
II. O texto apresenta que o desvio de concordância verbal está associado à escolaridade baixa e, exclusivamente, às camadas mais pobres do país.
III. Os estudos da linguagem falada culta da língua portuguesa revelam que o uso da concordância verbal nem sempre é aplicado quando o sujeito aparece depois do verbo.
Das proposições acima, está(ão) correta(s):
a) I, II e III.
b) I, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) II e III, apenas.
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Das proposições acima, está(ão) correta(s):
c) III, apenas.
Os itens I e II estão incorretos, porque:
I. Não é verdade que o estudo do desvio da concordância verbal NÃO deve ser analisado no âmbito da oralidade, visto que o estudo leva em consideração a fala de várias pessoas de diferentes lugares e classes sociais do Brasil.
II. Não é verdade que o texto apresenta que o desvio de concordância verbal está associado à escolaridade baixa e, exclusivamente, às camadas mais pobres do país, como comprova o trecho "a falta de concordância parece ter deixado de ser mero sinal de desvio gramatical ou de baixa escolaridade, e é duvidoso que em algum momento tenha sido atributo exclusivo das camadas mais pobres do país".
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