Amor em tempos de gadgets Na era da informação, a tecnologia tomou de assalto as relações e virou o terceiro vértice de um triângulo que une e separa casais (...) Os sinais emitidos (sem trocadilho) são perturbadora- mente familiares. Quem nunca deixou de atender à ligação do parceiro para torturá-lo após uma briga? Quem não desa- pareceu (ou se exibiu intensamente) nas redes sociais para mandar recado? Quem não ignorou e-mail ou SMS? Quem não ativou o comando "não perturbe"? E para você, leitor, não achar que o amor acabou: quem não disparou seguidos torpedos de corações vermelho vivo para o ser amado? Fez uma video-chamada para dividir com a cara-metade o sundae, a obra impressionista, um pôr de sol? Ligou de madrugada para se declarar apaixonado? Já não amamos como antigamente. E, como antiga- mente, leiam-se duas décadas. Foi em 1995 que Richard Linklater estreou Antes do amanhecer, primeiro filme da trilogia que acompanhou por 18 anos o casal Celine (Julie Delpy) e Jesse (Ethan Hawke). Na obra inaugural, os jovens passam uma noite inesquecível em Viena e, sem trocar en- dereços nem telefones, marcam outro encontro seis meses depois. A dupla só se reencontra no segundo filme, dez anos depois, quando a moça vai a uma tarde de autógrafos do rapaz, numa livraria de Paris. De tão fartas, as opções tecnológicas de agora jogariam por terra o argumento do longa. Horas depois da noitada austríaca, Celine ou Jesse, se minimamente conectados, descobririam praticamente tudo sobre o outro. Nada da tortura de anos a fio sobre o-que-poderia-ter-sido-aquele- reencontro ou por-que-não-dei-o-maldito-telefone. Na era da informação, tanto a obra quanto a vida do dire- tor Linklater seriam diferentes. Ele idealizou e filmou Antes do amanhecer para reencontrar Amy Lehrhaupt, a desconhecida com quem passara uma noite em 1989. Linklater esperava que a moça, ao saber do filme, o procurasse. O reencontro nunca aconteceu, porque a jovem morreu num acidente se- manas antes da estreia. Um amigo a quem ela confidenciara o romance deu a notícia. Hoje, seria diferente. E, no futuro, ainda mais. Talvez nos apaixonemos pela voz de um sistema operacional. Assim previu Spike Jonze em Ela, de 2013. Será? OLIVEIRA, F. O Globo, 19 jul. 2015. Flávia Oliveira, autora da crônica, estabelece, no trecho apresentado, uma ligação entre as novas tecnologias de comunicação e informação e as relações amorosas da atualidade. No texto, ela a) vale-se de perguntas retóricas com o objetivo único de comprovar os malefícios dessas novas tecnologias no relacionamento afetivo das pessoas. b) estabelece comparações entre as antigas formas de amar e as possibilitadas pelas novas tecnologias, com vantagens para aquelas. c) se utiliza dos exemplos dos filmes Antes do amanhecer e Ela, que cuidam da mesma temática, ambos enaltecendo as novas formas de amar. d) formula uma pergunta final de caráter dubitativo, deixando em aberto os caminhos do futuro no campo das relações amorosas via internet. e) nega valor à história de encontros e desencontros do filme Antes do amanhecer, por considerá-la anacrônica e sem sentido.
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Letra D: no texto o autor formula uma ligação entre as novas tecnologias de comunicação e informação e as relações amorosas da atualidade, de modo a fazer na conclusão uma pergunta final de caráter dubitativo.
Essa pergunta acaba deixando em aberto os caminhos do futuro no campo das relações amorosas via internet, questionando até mesmo a possibilidade de alguém apaixonar-se pela voz de um sistema operacional.
Abraços!
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