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Por que Vitória detesta o Tubarão?
Tamara Klink
Quanto vale estar numa cidade e poder ver o céu tocando o mar? Quanto vale abrir a janela e deixar
entrar em casa o vento do oceano? Quanto vale acordar e respirar ar limpo?
O grito dos remadores me acordou. Era 7 da manhã, e nosso veleiro estava ancorado em frente ao Iate
Clube do Espírito Santo.
Saí, pra ver as equipes de canoa havaiana, os windsurfs, os outros veleiros envolta do nosso. Eu moraria
nesse lugar, pensei, ingênua.
Vitória me intrigou. Linda como poucas, mora perto do continente e é vizinha do oceano. Praias de água
quente, calçadões pra passear, montanhas. Mas, ao andar, meus pés limpos estamparam pegadas pretas no
chão. Partículas de um pó preto se espalhavam pelo barco. Impregnadas na cobertura, na vela, na janela.
Dentro do pulmão. Passei a manter as janelas sempre fechadas, como fazem todos os capixabas pra controlar
a sujeira que vem pelo ar.
Como outras cidades do Brasil, Vitória sofre as consequências da nossa estratégia econômica de
exportação de minério bruto. De cara pra cidade está o Porto Tubarão, onde chegam navios de carvão e de
onde saem, todo dia, parte dos maiores carregamentos de minério de ferro do mundo. Pedaços geográficos do
nosso país. Partículas de minério e carvão vestem a cidade com um manto escuro. No mar, são comidas por
moluscos. Comidos por pessoas. Pela gente.
As chaminés ardentes da mineradora redesenham o horizonte. Braços do complexo portuário, esteiras,
navios, preparados pra levar embora a riqueza mineral do nosso país. Com o minério, China, Europa, Japão,
compram não apenas matéria prima: compram de nós a qualidade do ar, compram o vento nas casas, compram
a vista, perdida.
Difícil estimar os benefícios do Porto pra Vitória. Empregos são gerados, decerto. Mas essa atividade
cada vez menos precisa de mão de obra humana, e cada vez mais contrata pessoas especializadas sem que
elas, necessariamente, morem ali. Além disso, minério acaba, um dia. Gera recursos financeiros pra gestão
pública? Pode ser. Mas quanto recurso é necessário pra compensar o bem estar e a saúde das pessoas que
moram no lugar?
Deixarei nessa cidade perguntas sem resposta. Amanhã, nossa âncora será suspensa. Por último, vou
levar nosso lixo pra terra, trazer água doce, frutas frescas, e sairemos daqui olhando só pra frente. Como fazem
os grandes navios, partirei, carregando apenas o que a cidade teve de melhor. Enquanto tiver.
Ao longo do relato, há observações e informações sobre o estado do Espírito Santo. Com base
nesse relato feito e na leitura atenta do texto, responda ao que é pedido em A e B.
A) No quarto parágrafo, o narrador afirma que “Vitória me intrigou.” Sabendo que intrigar-se é ficar
surpreso, curioso e desconfiado, explique: o que deixou o narrador intrigado?
B) Após ler o relato, explique: Quais aspectos e características da cidade chamaram mais a atenção do
narrador? Esses aspectos são positivos ou negativos na visão dele?
Soluções para a tarefa
Respondido por
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Resposta:
A) Oque deixo ele intrigado foi porque Vitória e linda como poucas,mora perto do continente,águas quente,,calçadões pra passear,motanhas,pegadas pretas no chão
Explicação:
B) As motanhas;os calçadões pra Passear,as águas quentes.
São positivos
Obs: eu morro no Espírito santo numa cidade perto de Vitória
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