Água: a crônica da falta de bom senso
Os problemas de abastecimento são reflexos do mau uso e desperdícios generalizados.
Um calor acima do previsto, e chuvas que não caem como em anos anteriores. Além disso, um consumo
em alta e os reservatórios em baixa atingindo marcas históricas negativas. Todos esses fatores somados resultam
na séria e concreta ameaça de racionamento de água na região Sudeste, a mais populosa do país.
É claro que esse estado de coisas deve ser considerado atípico, mas diante da crise anunciada e um
iminente “apagão” no fornecimento desse líquido precioso, lá vamos nós caçar os culpados da hora!
A mídia responsabiliza governos pela ausência de investimentos no setor. Os partidos pró e contra
defendem ou atacam conforme a conveniência, e a população reclama de todos afirmando que pagam suas
contas em dia e, portanto, não aceitam abrir mão do direito de ter água nas torneiras e chuveiros sempre que
quiserem fazer uso dela.
Afinal, foi o fenômeno climático, como consequência do aquecimento global, o maior responsável pelas
altas temperaturas e pela ausência de chuvas?
Em parte podemos até afirmar que sim. Mas depender totalmente dos ciclos de chuva
do bom comportamento climático, apenas revela um despreparo muito grande e que deve realmente assustar a
todos nós.
Então, a quem cabe a maior responsabilidade? Acredito que seja da visão limítrofe
generalizada que ainda é capaz de dar pouca importância a esse insumo fundamental para a vida de todos.
Façamos um exercício bastante simples. Imagine a falta de muitos serviços que temos à disposição dentro
das nossas casas. Pense que durante um período você ficará totalmente sem energia elétrica, sem telefone ou
mesmo sem dispor da internet e da televisão a cabo. Muito ruim sem dúvida e que podem trazer prejuízos
diversos. Agora reflita sobre a total ausência de água. Sem entrar na individualização dos problemas acarretados
por cada um desses serviços, o que naturalmente o obrigaria a sair de casa para buscar uma solução é
exatamente a água. Ela não é apenas vital para o nosso dia a dia, pessoal ou profissionalmente como tantos
outros, é basicamente uma questão de sobrevivência.
Agora, com raras exceções, o mais essencial é, invariavelmente, o mais barato de todos. É ao final das
contas uma impressionante inversão de valores, o que é mais importante custa menos que o supérfluo... e viceversa. Nessa hora prevalece a lógica do famigerado mercado tão pouco afeito a enxergar além do curto prazo.
Esse olhar distorcido é o primeiro responsável pela nossa crise de abastecimento de água. Depois dele
tudo vai se complicando numa espiral de problemas sobrepostos. [...]
Em resumo, caro leitor, o que quero dizer é que somos, com medidas e pesos
diferentes, co-responsáveis pelos avanços, retrocessos e pela atual falta de água. Como disse lá no começo desse
artigo, um novo olhar, uma nova reflexão sobre a verdadeira relevância das coisas e um compromisso
compartilhado precisará ser assumido por todos os setores da sociedade.
Hoje o problema é a água, amanhã será a energia, assim como a questão dos
resíduos, poluição, mobilidade urbana, etc, etc, etc. estão todos colocados e já batem à
nossa porta. Para vivermos de maneira mais sustentável, justa e equilibrada, não se deve esperar milagres, mas a
participação de todos. Cuide da água, assim como de tudo que você considera importante.
(CANTO, Reinaldo. Carta Capital. 16/02/2014)
5ª Questão: O artigo analisa, interpreta, explica e avalia dados de nossa realidade. Portanto, ele
apresenta o tipo textual:
a) narrativo. b) argumentativo. c) expositivo. d) injuntivo. e) descritivo.
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Resposta:
Alternativa b
Explicação:
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