A violência contra a mulher persiste na sociedade brasileira, conforme dados do Mapa da Violência de 2012, os quais mostram que, nos últimos 30 anos, mais de 92 mil mulheres foram assassinadas no Brasil. Nesse sentido, leis de proteção à figura feminina foram criadas, como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 2015. Entretanto, elas não foram suficientes, haja vista que a questão da violência feminina é predominantemente cultural e relacionada à desigualdade de oportunidades.
Antes de tudo, a visão machista e patriarcal que caracteriza a mentalidade brasileira provém do Período Colonial, no qual o homem era considerado o centro da família e da própria sociedade. Desse modo, marcado pela ideia de posse da terra, do escravo e da mulher, o homem via a figura feminina como mero elemento reprodutor, sem direito à dignidade humana. Diante disso, nota-se que esse pensamento, arcaico e ultrapassado, persiste ainda hoje: embora a Constituição Cidadã de 1988 garanta o tratamento isonômico de ambos os sexos, muitos homens acreditam ter o direito de agredir, maltratar e até matar mulheres que não são submissas a eles.
Além do passado histórico brasileiro, outro fator que contribui para a persistência da violência contra a mulher é a desigualdade de oportunidades. Até o início da República, a figura feminina não podia estudar e seu papel era apenas cuidar do lar, do marido e dos filhos. Apesar das conquistas dos movimentos feministas, como o voto feminino e o divórcio, as mulheres ainda não apresentam as mesmas oportunidades que são dadas aos homens, principalmente em relação à educação, ao trabalho e aos salários. Dessa forma, muitas delas, dependentes social, financeira e emocionalmente dos maridos, aceitam, por vezes, as agressões masculinas sem denunciá-las.
A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira precisa, portanto, ser resolvida. Para isso, é necessária uma ação conjunta entre Escola e Família, por meio da educação e do diálogo frequente, a fim de desconstruir a mentalidade patriarcal do país, ao mostrar a realidade da mulher oprimida e a importância da garantia de seus direitos. Urge, também, que o Estado forneça oportunidades iguais de trabalho e de salários aos homens e às mulheres, ao fiscalizar e punir a iniciativa privada que não o cumprir. Além disso, é papel do Estado divulgar, por meio da mídia, as formas de denunciar qualquer tipo de agressão e mostrar que essa denúncia é anônima e garante segurança à vítima. Assim, homens e mulheres terão seus direitos assegurados de maneira isonômica.
01 - Levante hipóteses: que aspectos do texto nos possibilitam afirmar que se trata de um texto dissertativo argumentativo?
02 - Em um texto dissertativo-argumentativo é fundamental a defesa de uma tese com relação a um tema proposto pela IES. A esse respeito, responda aos itens subsequentes:
a) Levante hipóteses: A que assunto está vinculado o texto? Qual o tema proposto?
b) A tese se encontra formulada diretamente em alguma parte do texto? Qual (is)?
3. A tese não é autossuficiente. Ela necessita de argumentos que a fundamentem. Liste os argumentos do texto em estudo e diga como eles comprovam a tese.
4. Há no texto propostas de intervenção? Identifique-as.
Soluções para a tarefa
01.
O texto discute um assunto socialmente relevante e também possui introdução, desenvolvimento e conclusão. No primeiro parágrafo o autor mostra o seu ponto de vista com a afirmação: “A violência contra a mulher é predominantemente cultural e relacionada à desigualdade de oportunidades”, No segundo parágrafo ele defende essa ideia com o seguinte argumento: “A visão machista e patriarcal que caracteriza a mentalidade brasileira provém do Período Colonial, no qual o homem era considerado o centro da família e da própria sociedade. Desse modo, marcado pela ideia de posse da terra, do escravo e da mulher, o homem via a figura feminina como mero elemento reprodutor, sem direito à dignidade humana” tornando assim, o texto em dissertativo argumentativo.
02.
a)
O texto apresentado se vincula com a violência contra a mulher no Brasil, com uma visão dissertativa-argumentativa.
b)
Sim; Ela é mostrada logo antes dos argumentos: "Neste sentido, leis de proteção à figura feminina foram criadas [...] Entretanto, elas não foram suficientes [...]".
03.
Argumento 1: "[…] Conforme dados do Mapa da Violência de 2012, os quais mostram que, nos últimos 30 anos, mais de 92 mil mulheres foram assassinadas no Brasil."
Argumento 2: fator histórico de pensamento patriarcal e machista.
Argumento 3: a desigualdade de oportunidades.
04.
Sim. O texto apresenta três soluções: ação conjunta entre Escola e Família para desconstruir a ideia do patriarcado; fornecimento de oportunidades iguais de trabalho e salários para homens e mulheres por parte do Estado; divulgação das formas de denúncia pelo Estado e garantia que essa denúncia é segura.