A viagem
Que coisas devo levar
nesta viagem em que partes?
As cartas de navegação só servem
a quem fica.
Com que mapas desvendar
um continente
que falta?
Estrangeira do teu corpo
tão comum
quantas línguas aprender
para calar-me?
Também quem fica
procura
um oriente.
Também
a quem fica
cabe uma paisagem nova
e a travessia insone do desconhecido e a alegria difícil da descoberta.
O que levas do que fica,
o que, do que levas, retiro?
MARQUES, A. M. In: SANT’ANNA, A. (Org.). Rua Aribau. Porto Alegre: Tag, 2018.
A viagem e a ausência remetem a um repertório poético tradicional. No poema, a voz lírica dialoga com essa tradição, repercutindo a
A saudade como experiência de apatia.
B presença da fragmentação da identidade.
C negação do desejo como expressão de culpa.
D persistência da memória na valorização do passado.
E revelação de rumos projetada pela vivência da solidão.
Soluções para a tarefa
No texto há a associação, já clássica na literatura portuguesa, de aventura, navegação, saudades e desconhecido, o que é uma forma poética de conceber o papel histórico que os portugueses tiveram no contexto das Grandes Navegações, que modificaram o papel histórico daquele Estado e difundiram por todo o planeta a cultura (e a língua) portuguesa.
Como os rumos objetivos da viagem são desconhecidos (é uma viagem de exploração, de modo que o destino ainda está por ser descoberto e analisado), o autor do poema se concentra naquilo que conhece completamente bem - a sua subjetividade - e a partir dela se guia pelo mundo.
É correta a alternativa E.
Bom, vamos lá!
É correta a alternativa E.
Com seu estado de solidão, faz com que o personagem busque coisas novas.
Espero ter ajudado <3