Sociologia, perguntado por gi1320, 9 meses atrás

A trama da rede

(Carlos Rodrigues Brandão)







I

Essa é a trama da rede:

o tecido das trocas que fabricam

o pano de uma rede de dormir

enreda o corpo do homem na tarefa

de criar na máquina a rede com a mão.



II

A armadilha do trabalho em casa alheia

engole o homem e enovela todo o corpo

no fio no fuso na roda na teia

do maquinário da manufatura

que produz o seu produto: a rede

e reduz o corpo-operário à produção.



III

O corpo-bailarino que transforma

a coisa bruta em objeto

(a fibra em fio e o fio em pano)

e o objeto na mercadoria

(o pano pronto na rede e sua valia)

transforma o corpo do homem operário

em outro puro objeto de trabalho

pronta a fazer e refazer no fuso

aquilo de que a fábrica faz sua riqueza

de que, quem faz não se apropria.



IV

Sob a trama do trabalho em tear alheio

o corpo não possui seu próprio tempo

e é inútil que lhe bata um coração.

O relógio interior do operário

é o que existe na oficina, fora dele,

de onde controla o tear e o tecelão.



V

De longe o dono zela por quem faz:

pela força do homem que trabalha,

não pela vida do trabalhador.

Aqui não há lugar para o repouso

ainda que o produto do trabalho

seja uma rede de pano, de dormir

e que comprada serve ao sono e ao amor.



VI

Durante a flor da vida inteira

fazendo a mesma coisa e refazendo

uma operação simples de memória

o operário condena o próprio corpo

a ser tão automático e eficaz

que domine o gesto que o destrói.

A reprodução contínua, diária, igual

de um mesmo gesto repetido e limitado

todos os dias, sobre os mesmos passos,

ensina ao artesão regras de maestria

do trabalho que afinal então domina

através de saber sua ciência

com a sabedoria do corpo massacrado.





VII

Quem fia e enfia?

Quem carda e corta?

Quem tece e trança?

Quem toca e torce?

A moça o menino.

A velha o homem.

Eles são, artistas,

parte do trabalho coletivo

que faz a trama da rede

e a rede pronta:

o objeto bonito do descanso

que inventa a necessidade

da servidão do trabalho

do corpo produtivo.



VIII

A dança ritmada desse corpo

de bailarino-operário de um ofício

de que o produto feito não é seu,

cria o servo de quem lhe paga aos sábados

Para o que sobra da vida de trabalho

do corpo de quem fez e não viveu.

O trabalho-pago, alheio e sempre o mesmo

obrigando o operário bailarino

à rotina de fazer sem possuir

torna-o, artista, servo do ardil

de entretecer panos e redes sem criar

e recriar-se servo sem saber.



IX

Não conhece descanso o corpo na oficina.

Ele é parte das máquinas que move

e que movidas não sabem mais parar.

Os pés descalços prologam pedais

os braços são como alavancas

e as mão estendem pontas de um fio

que existe no fuso e no tear.



X

O trabalho do corpo é o objeto

que o homem vende ao dono todo o dia.

O corpo-livre pertence ao maquinário

que o homem converte no operário

de que reira o preço do sustento:

a comida a cama a casa o agasalho

o que mantém vivo o corpo e o seu trabalho.









Explique resumidamente com suas palavras o que você entendeu de cada estrofe do poema.



Estrofe 1:



Estrofe 2:



Estrofe 3:



Estofe 4:



Estrofe 5:



Estrofe 6:



Estrofe 7:



Estrofe 8:



Estrofe 9:



Estrofe 10:

Soluções para a tarefa

Respondido por gilmameireles4
3

Resposta:

estuda mais q vc vai saber

Perguntas interessantes