A TECNOLOGIA É NEUTRA? Com a possibilidade de automatizar muito dos trabalhos que fazemos, de usar análise de dados para tomar decisões e substituir postos de trabalho por robôs o mito de uma tecnologia neutra se torna ainda mais perigoso. Quando falo sobre isso, busco trazer um exemplo histórico que, ao meu ver, é bem emblemático. Vocês já ouviram falar da Cotton Gin? Essa máquina foi criada em 1793 e o que ela faz, basicamente, é separar as fibras do algodão das sementes do algodão — processo que antes de sua criação era feito manualmente. Que maravilha, não? Então, não sei. Com essa invenção o mercado de algodão se tornou cada vez mais rentável e atrativo, e com a automatização dessa separação do algodão a pressão na produção e colheita se tornou grande. Estima-se que, com isso, o número de escravos trabalhando nas plantações aumentou de 700.000 em 1790 para 3.2 milhões em 1850. Em paralelo a isso, o que vemos é que a cotton gin é considerada um grande marco da revolução industrial e também considera-se que ela possibilitou a criação de diferentes tecnologias impactando até hoje no desenvolvimento da indústria têxtil. Então eu pergunto: essa tecnologia é boa ou é ruim? E acredito que essa é a pergunta que temos que nos fazer sobre todas as tecnologias que vemos emergindo por aí. E a resposta, na minha opinião, é sempre a mesma: A tecnologia não é ruim, mas também não é boa. A tecnologia nunca é neutra. A tecnologia é ambígua. Ou seja: não há neutralidade na tecnologia. E enxergar isso é muito importante. Quem tem o domínio das tecnologias que surgem que ditam o uso que elas terão. E é sobre isso que temos que discutir: quem detém o poder sobre as tecnologias que estão sendo criadas? quem cria essas novas tecnologias? E aí, pergunto: as promessas que emergem junto das novas tecnologias de melhorar e facilitar nossas vidas, proporcionar para as pessoas trabalhos mais criativos e menos mecânicos, auxiliar na criação de uma sociedade com menos desigualdades econômicas e sociais têm, de fato, se concretizado? Precisamos, muito e urgentemente, falar sobre o papel da tecnologia na nossa sociedade. Precisamos urgentemente tirar essa ideia de neutralidade da nossa cabeça e entender a quem de fato as novas tecnologias têm servido. Gabriela Guerra, Diretora-Presidente da ThoughtWorks no Brasil e professora na Perestroika. 1) Qual é a tese desse texto? * 1 ponto A) A invenção de novas máquinas tornou o mercado mais atrativo. B) A revolução industrial proporcionou um grande marco tecnológico. C) As formas de trabalho atuais precisam de contínua automatização. D) As tecnologias trazem tanto benefícios quanto malefícios para a sociedade.
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Resposta:1(D)
2(B)
Explicação:Fiz no classrom e deu certo
CleuzaJolis:
qual é a segunda pergunta ?
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