A solidão do meteorito
Há imagens que se tornam símbolos de uma época. Por exemplo, a Pedra do Bendegó, sólida e negra como uma acusação, emergindo por entre as cinzas tristes do Palácio de São Cristóvão. Penso na longa viagem que o meteorito fez até chegar ali – cinco toneladas de ferro e níquel navegando entre as estrelas, afundando-se no sertão baiano, sendo resgatado e exposto (uma saga essa operação de resgate, daria um romance) –, enquanto lembro os versos da poeta norte-americana Muriel Rukeyser: “O Tempo entra./ Diz:/ o universo é feito de histórias,/ não de átomos”.
O que desapareceu para sempre enquanto o Museu Nacional ardia não foram átomos, não foram artefatos, não foram múmias antiquíssimas, preciosas coleções de lepidópteros, vozes e canções em línguas que nem existem mais: foram histórias. As histórias de que somos feitos. Lembramos – por isso existimos. Sempre que algo da nossa memória individual ou coletiva se perde, perde-se uma parte de nós. Estamos sempre à beira da extinção. Somos uma espécie ameaçada e somos
também a nossa pior ameaça. Com a destruição do Museu Nacional é como se o Brasil tivesse sofrido um grave acidente vascular cerebral, não socorrido a tempo. Nesse processo, o Brasil perdeu parte da memória. O problema de perder
parte da memória é que não sabemos ao certo o que perdemos. Um homem perde um braço em um acidente; sabe que perdeu o braço. Mas como saberá, ao despertar no hospital, após um AVC, que perdeu a primeira gargalhada do seu filho? O aroma a goiabas do quintal da sua infância? A noite mais bela da sua vida? O Brasil perdeu parte da memória; portanto, nem sequer sabe ao certo o que perdeu.
O texto “A solidão do meteorito”, de José Eduardo Agualusa, foi publicado após o trágico incêndio que devastou o Museu Nacional, no dia 2 de setembro de 2018.
Para defender seu ponto de vista, Agualusa, em seu texto, compara a queima ao que?O que o autor deseja concluir com essa comparação?
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Para defender o seu próprio ponto de vista, o autor compara a queima do Museu Nacional com uma mãe que perdera o seu filho, como algo devastador, ou um acidente.
É correto afirmar que com o incêndio do Museu Nacional, muitas obras históricas foram perdidas para sempre, sem chance de retorno.
No texto "A solidão do meteorito" os símbolos do Museu são mencionados como obras do "Tempo" que acabaram sendo extintas.
tapiocadocepudim:
obrigadooooo
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