Português, perguntado por mclaraigna, 7 meses atrás

A resenha lida recomenda explicitamente que o leitor Leia o livro? De que modo age o resenhista ao apresentar o livro?

Em sua opinião


a) Os argumentos usados na resenha poderiam influenciar positivamente ou negativamente um leitor para

escolher essa leitura?


b) Mesmo sem saber como termina a história de Marcelo, essa resenha cumpriu sua finalidade com

relação a você, como leitor? Por quê?


Os olhos castanhos de Marcelo eram únicos naquela família e não

havia mais como negar as evidências. Na aula, o professor de Biologia

explicara as leis da hereditariedade, quais características dominantes, quais

recessivas e agora são as ervilhas de Mendel que rodam dentro da mente

do rapaz. A velha desconfiança, afinal, tinha um fundamento! Nenhuma foto

da mãe esperando por ele, Marcelo jamais esteve em seu ventre: seus olhos

não tinham a cor do mar, a cor do céu, a cor dos olhos da mãe, a cor dos


olhos do pai. Era um só Marcelo, diferente e só, adotado.

O que sente e pensa Marcelo? Algo como tristeza ou desespero? Amargura, por quinze anos

vividos sob a custódia de uma traição? Seus pais — ou melhor: eles, Inês e Pedro Paulo não tinham o

direito. De trocar uma história por outra! E o rapaz caminha pelo quarto, como se tudo ali fosse

diferentemente novo. Estranho. No entanto, algumas coisas permaneciam familiares... Ele, que não era

exceção às regras de Mendell, o filho de coração, sentia-se o verdadeiro rapaz que não era de Liverpool.

De fato, os Beatles eram apenas quatro, como Pedro Paulo, Inês, Ramiro e Maria. Alguém sobrava

naquela casa. O quinto Beatle não existiu. E era ele. Encarando os outros, olhos nos olhos: qual a sua

verdadeira história?

Muitos dizem que a vida pode passar diante de nossos olhos — sejam claros, escuros, castanhos,

azuis, não importa —, como um filme em alta velocidade. Caio Riter traduz essa sensação para o leitor,

emprestando voz para o personagem: é Marcelo, em primeira pessoa, quem narra o torvelinho de

imagens e emoções num rápido pulsar de fragmentos que o autor ordena com técnica cinematográfica. O

texto é dividido em cinco capítulos, nos quais a ação no presente se estende por pouco mais que uma

semana e alguns dias. Esse plano narrativo é interrompido por cenas que são à força das digressões,

trazendo tanto a memória de fatos isolados da infância e da juventude de Marcelo, quanto os poucos

instantes que antecederam a conversa com a mãe. É também a derradeira confirmação que marca o

início da narrativa, às primeiras linhas do capítulo um.

« — Não, Marcelo, você não nasceu de mim!

Ela disse. Falou o que eu queria, temia escutar. Falou. As palavras foram claras. Sem sombras. Sem

dúvidas. A confirmação ali, naquela frase tão simples. Tão. Não era minha mãe. Não era. E, no entanto.

Estendeu a mão. A mão que muito carinho já me fizera. A mão. Tremia? Queria ser toque. Acarinhar meu

cabelo, daquele jeito calmo que eu tanto gosto. Gostava.

Leve toque em meu braço.

Fugi.

Lágrimas nos olhos dela. E nos meus.

Fugi para meu quarto.

[...]”

Único abrigo naquela casa que agora me parecia por demais estranha. Ela não era minha mãe.

Mas e se? Não, não era. Suas palavras, naquela voz que não tremeu, naquela voz que, talvez, há muito

tempo desejasse ser, e foi, revelação, não deixavam dúvidas. Você não nasceu de mim. De quem,

então? Ela respondeu apenas à primeira, à principal, pergunta. Muitas outras agora me invadem e, tenho

certeza, me invadirão para o resto da vida. »


Nenhum leitor mais se espanta com o congelamento da ação presente para introduzir um FLASH-

BACK, recurso que ajuda a erguer estruturas não-lineares de efabulação, em idas e vindas dentro de um


texto. É exatamente na interpolação de diferentes planos que vai se afirmando a originalidade do autor e

um laborioso trabalho técnico. Caio Riter interrompe por dezessete vezes o fluxo dos capítulos, com

cenas numeradas e subtítulos, em que o leitor salta para o passado de Marcelo. As lembranças surgem

encaixadas pelo incurso do MATCH CUT, isto é, alguma informação do instante presente (um nome, uma

foto, uma palavra, uma dor) repete uma situação já vivida, assim deflagrando a visão do passado. De

outro modo, a saída das dezessete cenas é feita sem avisos ou abruptas separações, flutuando o

pensamento de Marcelo em efeitos de FUSÃO com o presente.

Da estrutura geral da obra à estrutura das frases, a linguagem privilegia um ponto de vista e uma

fala em perfeita síncope. Das emoções. É a pontuação rígida e seca que pára. O pensamento

entrecortado que se permite. Das lacunas entre palavras ao fosso existencial. São fendas e senhas: por

interrupção, intermitência: interrogações. A todo instante, torcemos por Marcelo. Pela resposta que

procura, pela paz. Céu e mar para o rapaz que não era de Liverpoll.


mclaraigna: ajudaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Soluções para a tarefa

Respondido por yangstar
9

Explicação:

a) Positivamente, a resenha de um livro é importante tanto para quem quer ler o livro tanto para o escritor. A resenha é sua opinião sobre o livro, o que você gostou e o que não gostou e isso ajudará a um futuro leitor a pensar se esse livro é bom ou ruim, mais a resenha pode ser tanto positiva ou negativa, negativa pois você não irá ler um livro em que a maioria das resenhas desse livro e negativo certo?! E positiva você irá ler um livro em que todos falam que ele é maravilhoso?Sim claro, porque iremos querer de ler o livro que todos dizem que são bons, então uma resenha é muito importante antes de você começar a ler um livro.

b)Sim a história mesmo em pequenos trechos faz com que interessa se como irá acabar a história, quem será realmente a mãe de Marcelo?O por que ele não é filho dela? A escolha certa do trecho do livro, fez com que fiquemos curiosos com que irá acontecer com a vida dos personagens.

Espero te ajudado

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