a) Por que Clarice Lispector se sentia deserdada da vida?
b) Para Clarice Lispector, o que significa pertencer?
c) “Nasceu e ficou simplesmente nascida”, “Não recebeu a marca do pertencer”. Que
marca é essa a que Clarice se refere?
d) Assim como Clarice Lispector, que histórias você tem sobre a sua origem?
e) O que você sabe acerca das expectativas dos seus pais sobre você, antes mesmo do
seu nascimento?
----------------------Texto-------------------
Pertencer
Clarice Lispector
Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança
quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou.
Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui
não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém.
Nasci de graça.
Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora,
como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo
uma freira: ela pertence a Deus.
Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei
bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito
pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso. Com o tempo, sobretudo
os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de
"solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.
Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de as-
sociações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por
exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu per-
tenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar
patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas
mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas
e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de
presente os meus sentimentos.
Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas
vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer
para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa. Quase consigo me
visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e, no entanto, premente sensação
de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci
e fiquei apenas: nascida.
No entanto fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava do-
ente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mu-
lher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei
minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu
falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que
meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança.
Mas eu, eu não me perdoo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e
curar minha mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar
a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da
fuga que por vergonha não podia ser conhecido.
A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco
não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está
no deserto e bebe sôfrego o último gole de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto
mesmo que caminho!
A nossa atividade dessa semana é entrarmos no mundo de um professor chamado Ron Clark que saiu da
zona rural paa cidade grande cheio de sonhos.
A nossa atividade consiste em ver do filme e separar pelo menos três aspectos positivos e que você
compatilhe conosco.
Soluções para a tarefa
Respondido por
6
Resposta:
a) ela se sentia que não pertencia a ninguém
Explicação:
que ninguém é dono dela .
eosgurinaotem:
kk
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