qual ato de Jânio quadros passou a ser criticado pela direita ?explique
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Há 40 anos, Jânio da Silva Quadros renunciava à Presidência da República. Alegando estar sendo pressionado por "forças terríveis", enviou carta ao Congresso Nacional no dia 25 de agosto de 1961, onde escreveu: "Nesta data e por este instrumento, deixando com o ministro da Justiça as razões do meu ato, renuncio ao mandato de presidente da República". Até hoje, os motivos não foram esclarecidos. Acredita-se que seu objetivo era obter do Parlamento carta-branca para governar. Para tanto, jogava com o temor dos progressistas de que houvesse um golpe militar e com o medo das Forças Armadas de que um esquerdista como João Goulart, o vice, assumisse o País.
Eleito pela UDN com 5,6 milhões de votos, Jânio usou a faixa presidencial por apenas sete meses. Compôs um Ministério sem nomes expressivos e inaugurou a política dos bilhetinhos para transmitir ordens aos seus assessores. Durante o seu mandato criticou o governo de seu antecessor, Juscelino Kubitscheck, e a inflação que seu projeto de desenvolvimento implantara, reatou as relações com a União Soviética, assumindo uma posição antiamericanista, e criou os ministérios da Indústria e Comércio e das Minas e Energia. Mas foram medidas polêmicas, como a condecoração do revolucionário Ernesto Che Guevara, a proibição do biquíni, das brigas de galo e do lança-perfume no Carnaval, que lhe renderam fama.
Varre vassourinha - Até a presidência, a carreira de Jânio Quadros na política foi meteórica. Por São Paulo foi eleito vereador (1947), deputado estadual (1951), prefeito de São Paulo (1953) e governador do Estado (1955). Dono de um estilo populista, vestia-se com roupas simples (e amarrotadas), deixava barba por fazer e exibia os ombros brilhando de caspa. Ao cumprimentar os eleitores, fazia questão de mostrar os bolsos cheios de sanduíches de mortadela e pão com banana. Angariou votos também com a promessa de "varrer os ratos, os ricos e os reacionários da máquina pública", levando multidões às praças e avenidas, empunhando vassouras.
Nascido em janeiro de 1917, na cidade de Campo Grande, atual capital de Mato Grasso do Sul, o filho do casal Gabriel Quadros e Leonor da Silva mudou-se para São Paulo adolescente. Dedicado a ler e escrever, ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em 1935. Jânio mal exercia a profissão de advogado, mas com o dom da oratória não foi difícil trabalhar como professor de geografia e português. Em 1947, pensou em disputar uma cadeira de vereador na capital paulista. Não fosse a insistência dos alunos do curso secundário, teria desistido. Em três anos como vereador, apresentou mais requerimentos e projetos de lei do que qualquer outro membro do Poder Legislativo no Brasil e também assinava todo manifesto em favor dos trabalhadores. Assim, ganhou as eleições para deputado estadual, pelo Partido Democrático Cristão (PDC).
Golpe militar - Então, passou a trabalhar mais de 15 horas por dia. Às vezes, chegava em casa tão cansado que dormia sem vestir o pijama e saía, na manhã seguinte, com a mesma roupa do dia anterior. Quando resolvia tomar banho na banheira, esvaziava os frascos de perfume de sua mulher, dona Eloá - com quem teve uma filha, Dirce Tutu. Em sua jornada, teve de enfrentar a oposição que não lhe poupava ataques pessoais. Diziam que Jânio era deselegante e alcoólatra. Começava a beber no almoço, sem hora para terminar. Gostava de cachaça e cerveja, embora nos últimos anos de vida só tomasse vinho do Porto. A quem perguntava por que bebia tanto, soltava uma de suas pérolas: "Bebo porque é líquido. Se sólido fosse, comê-lo-ia."
Não é de admirar que o gesto de renúncia tenha chocado seus fiéis eleitores, sua mulher que, confessa, não esperava que o marido abandonasse a Presidência. Mas o pior estava por vir: sua saída permitiria o Golpe Militar três anos depois. O deputado Ranieri Mazzili, presidente da Câmara Federal, assumiu o posto de Jânio até que o vice-presidente João Goulart voltasse de sua visita a Hong Kong, na China, em avião "especialmente" fretado. No País, Jango enfrentou a oposição de militares que desejavam impedir sua posse e para não perder o poder totalmente, acabou aceitando a solução conciliatória do parlamentarismo. Assim mesmo, trabalhou ativamente pelo retorno do presidencialismo, conseguindo um plebiscito, em 1963, que lhe deu vitória.
Tentando superar a crise econômica e a oposição ao se governo lançou as "reformas de base", com propostas de reforma agrária e direito de voto aos analfabetos. Entretanto, o medo das camadas conservadoras do País levaram os militares a dar um golpe, em 31 de março de 1964, depondo Jango, que se exilou no Uruguai.
Fora FHC - O governo militar cassou os direitos políticos de Jânio por dez anos. Com a Anistia, em 1979, ele começou sua volta à política. Concorreu e perdeu a eleição para o governo de São Paulo em 1982. Em 1985, voltou à cena e disputou voto a voto a Prefeitura de São Paulo com Fernando Henrique Cardoso. Venceu por pouco. A primeira