A partir da análise dos documentos e dos seus conhecimentos sobre o tema, escolha a melhor alternativa.
Projeto revela parte da cidade submersa no Lago Paranoá
Jornal Eletrônico
“Vestígios da vida de operários que ajudaram a construir Brasília, objetos que fizeram parte do passado, espécies diversas. Parte da história, da fauna e da flora da capital federal ocultadas desde que as águas do Rio Paranoá correram pelo vale que acabou se transformando no Lago Paranoá, um dos locais mais conhecidos da cidade, poderá ser conhecida por toda a população a partir de outubro, quando imagens subaquáticas da parte do cerrado coberta pela água ganharem a internet. A divulgação dos registros submersos faz parte do Projeto de Mapeamento Georreferenciado do Lago Paranoá. Idealizado pelo mergulhador Frank Bastos, a iniciativa consiste em um site colaborativo, que receberá dos mergulhadores vídeos e informações o que for encontrado em cada local. [...]
Restos de casas, fazendas, estátuas, carros, ônibus e até um cânion são exemplos do que já foi encontrado e filmado pelos mergulhadores. Parte desses objetos estava a 15 metros abaixo da água, mas há áreas do lago com 40 metros de profundidade, que exigem diversos mergulhos para serem registradas. [...]
Neste fim de semana, 18 mergulhadores devem submergir na área da Vila Amaury. A vila abrigava cerca de 16 mil candangos que trabalhavam para erguer a cidade e suas famílias e foram transferidos para Sobradinho, cidade próxima a Brasília, após o lago encher. Lá, eles devem encontrar partes dos barracos e utensílios domésticos. Conforme a professora do Centro de Excelência em Turismo (CET), da Universidade de Brasília (UnB), quando as comportas se abriram e levaram à inundação do local, 'as pessoas queriam salvar a si próprias, por isso deixaram muitas coisas lá, como documentos, brinquedos'”.
Uma cidade encantada
Depoimento
Relatos de ex-moradores(as) da Vila Amaury:
“Muita gente não acredita, porque não está nos livros. Eu mesmo nem comento que cheguei aqui em 1958, porque não tenho documento provando. Muitos daquele tempo, e lá da Amaury, sentem isso. Estavam lá, viram e viveram tudo, mas é a palavra deles, sem comprovação. Quando as águas vieram, as pessoas corriam primeiro para salvar seus documentos, para adiante provar que existiam.”
Relato de Pedro Venzi, pescador.
“Ficamos na Vila Amaury até a água chegar, até eles passarem avisando que era pra sair todo mundo, que a água ia cobrir toda a cidade. Eu não me lembro muito desse dia quando a gente saiu da Vila Amaury. Eu era criança e não me lembro muito. Mas via meu pai contando que o povo não acreditava que a água ia chegar. Sei que nós saímos logo e meu pai fez um barraco na Vila Planalto...”
Relato de Maria de Lurdes Batista dos Santos, costureira.
“Quando começou a subir o Lago, muitos tiraram suas coisas. A Novacap ofereceu lotes em Taguatinga. Outros insistiram em ficar, falando que o Lago não ia chegar. [...] Ele foi enchendo aos poucos, não foi da noite para o dia. O pessoal viu chegando aos poucos, todo mundo sabia que ali seria um lago... Muitos, inclusive, trabalhavam nas obras do próprio lago. Ele não pegou ninguém de surpresa. Houve vários avisos para o pessoal sair”
Relato de Luiz Rufino Freitas
Alternativas
(A) O caso da Vila Amaury indica como novas tecnologias, como o georreferenciamento, podem legitimar narrativas e memórias marginais à história oficial.
(B) A escolha de represar o Rio Paranoá e construir o Lago foi feita pelo arquiteto Lucio Costa, vencedor do Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil.
(C) Os documentos apresentados são uma notícia jornalística sobre as imagens subaquáticas feitas no Lago Paranoá e um conjunto de depoimentos de ex-moradores(as) da Vila Amaury em Brasília.
(D) Os relatos dos ex-moradores(as) da Vila Amaury por vezes se contradizem, evidenciando a dimensão subjetiva da memória.
Soluções para a tarefa
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A resposta correta está na alternativa A.
- (A) O caso da Vila Amaury indica como novas tecnologias, como o georreferenciamento, podem legitimar narrativas e memórias marginais à história oficial.
A proposta original tinha como intuito fornecer mais informações plausíveis à população, com a intenção de gerar conscientização e aumentar o cuidado com o meio ambiente. O idealizador do projeto acreditava que a falta de comprovação dos relatos dos sobreviventes tornava o acontecimento banal, "factício", distante - algo que deveria ser mudado para a evitação de novas tragédias.
O georreferenciamento consiste na localização de pontos específicos de uma área, permitindo maior controle das análises feitas. No projeto da Vila Amaury, essa tecnologia auxiliará nas análises combinadas entre mergulhadores, garantindo maior coleta de informações que possam legitimar as memórias banalizadas.
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