a) O que é possível inferir em relação à Primeira República na crítica apresentada pela charge da Revista O Malho, de 1904? Componha seus argumentos com elementos da imagem.
b) Quais relações podem ser identificadas entre a charge e os textos I e II? Justifique tendo em vista as figuras retratadas na imagem e as análises dos autores sobre o contexto.
c) O texto de Faoro faz alusão a inúmeros conceitos já estudados em História. Explique as críti- cas ao liberalismo trazidas pelo autor, e quais são suas características políticas e econômicas.
d) As teorias liberais foram adequadas à política e à economia republicana? Reflita tendo em vista as críticas apresentadas pelos textos I e II.
e) As políticas instituídas pela república trouxeram inclusão social e acesso à cidadania para a população brasileira? Argumente.
Soluções para a tarefa
a) A crítica da charge está no povo representado como Atlas, que carrega nas costas a república brasileira representada pelo globo escrito "ordem e progresso" com políticos acima, como o presidente Rodrigues Alves.
b) Os textos I e II são bastante críticos ao modelo de liberalismo econômico e político, pois, assim como a charge, seus autores entendem ser um modelo oligárquico e que representa apenas as classes políticas e os grandes proprietários de terras.
c) Faoro traz, no texto I, uma crítica a ideologia modernizadora da sociedade pautada no liberalismo político, que reduz o povo aos proprietários de terras, que seriam os únicos capazes de representar a população do país. Ademais, apresenta-se também uma crítica à economia liberal, pautada na livre-concorrência.
d) Sim, pois se adequavam à intenção das oligarquias de reorganizar as instâncias do Estado, substituindo a monarquia pelo federalismo, que permitia alocar as oligarquias e os coronéis nos poderes municipal, Estadual e Federal.
e) Não, pois o povo seguiu à revelia do Estado, que se tornou predominantemente uma instituição a serviço dos proprietários de terra. Eram estes que constituíam as entidades representativas do Estado.
A primeira república e o Liberalismo Econômico
Desde a Revolução Francesa, houve uma verdadeira explosão dos ideais iluministas por todo o mundo, que inspiraram diversos movimentos de libertação nacional. No Brasil eles inspiraram, entre outros movimentos, a criação da chamada Primeira República.
Baseada no Liberalismo Econômico e seu princípio de livre-concorrência, esse modelo no Brasil favorecia os grandes proprietários de terras, que concentraram poder econômico e político.
Acreditamos que os textos da questão sejam os seguintes:
"TEXTO I – O liberalismo político e econômico do período republicano
Liberalismo político casa-se harmoniosamente com propriedade rural, a ideologia a serviço da emancipação de uma classe da túnica centralizadora que a entorpece. Da imunidade do núcleo agrícola expande-se a reivindicação federalista, empenhada em libertá-lo dos controles estatais. Esse consórcio sustenta a soberania popular – reduzido o povo, aos proprietários agrícolas capazes de falar em seu nome –, equiparada à democracia, democracia sem tutela e sem peias. A ideologia articula-se aos padrões universais, irradiados da Inglaterra, da França e dos Estados Unidos, confortando a consciência dos ocidentalizadores, modernizadores da sociedade e da política brasileiras, muitas vezes enganados com a devoção sem exame aos modelos. Ser culto, moderno, significa, para o brasileiro do século XIX e começo do XX, estar em dia com as ideias liberais, acentuando o domínio da ordem natural, perturbada sempre que o Estado intervém na atividade particular. Com otimismo e confiança, será conveniente entregar o indivíduo a si mesmo, na certeza de que o futuro aniquilará a miséria e corrigirá o atraso. No seio do liberalismo político vibra o liberalismo econômico, com a valorização da livre concorrência, da oferta e da procura, das trocas internacionais sem impedimentos artificiais e protecionistas. O produtor agrícola e o exportador, bem como o comerciante importador, prosperam dentro das coordenadas liberais, favorecidos com a troca internacional sem restrições e a mão de obra abundante, sustentada em mercadorias baratas.
Fonte: FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro (Coleção: Os grandes nomes do pensamento brasileiro - volume 2). São Paulo: Globo; Publifolha, 2000. p. 111.
TEXTO II – O liberalismo oligárquico
É da coexistência de uma Constituição liberal com práticas oligárquicas que deriva a expressão liberalismo oligárquico, com que se caracteriza o processo político da República no período compreendido entre 1889 e 1930. Ambígua e contraditória, a expressão revela que o advento da República, cujo pressuposto teórico é o de um governo destinado a servir à coisa pública ou ao interesse coletivo, teve significado extremamente limitado no processo histórico de construção da democracia e de expansão da cidadania no Brasil. A denominação de República oligárquica, frequentemente atribuída aos primeiros 40 anos da República, denuncia um sistema baseado na dominação de uma minoria e na exclusão de uma maioria no processo de participação política. Coronelismo, oligarquia e política dos governadores fazem parte do vocabulário político necessário ao entendimento do período republicano em análise.
Fonte: RESENDE, Maria E. Lage de. O processo político na Primeira República e o liberalismo oligárquico. In: FERREIRA, J; DELGADO, L. de A.N. O Brasil Republicano. O tempo do liberalismo excludente – da Proclamação da República à Revolução de 1930 (volume 1). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. p. 91."
Para saber mais sobre a chamada Primeira República, visite: https://brainly.com.br/tarefa/32208308
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