Filosofia, perguntado por cristinamachado49, 3 meses atrás

A negativa lockeana ao inatismo se baseia em dois argumentos atemporais, ou seja, que podem ser aplicados em sua época, à Antiguidade, ou mesmo à atualidade, os quais:

I Ainda que houvesse verdades e saberes que advêm de nossos nascimentos, não há como provar que essas estavam lá desde sempre, uma vez que se manifestam a partir de determinado momento de maturação – ou maturidade – humana;

II AFINAL, certos conceitos de moralidade e identidade, os quais poderiam ser atribuídos à racionalidade inata, são inteiramente desconhecidos das pessoas incultas e na totalidade das crianças, aspectos esses que Locke argumentara que são apreendidos (no sentido de assimilação) apenas a partir de um estágio de aquisição de experiências e de aprendizagem.

Soluções para a tarefa

Respondido por assisefa07
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A questão sugere a conexão entre duas teses defendidas por Locke no Ensaio Acerca do Entendimento Humano. O enunciado sugere que I é premissa de II (fato marcado pelo conectivo conclusivo "AFINAL"). Nesse sentido, de fato I é premissa de II, e apresenta-se um argumento presente na obra de Locke.

Epistemologia Empirista:

A epistemologia moderna surge com Descartes e ele advoga o inatismo, isto é, acredita que certas ideias que fundacionais para o conhecimento estariam na mente dos indivíduos desde sempre (desde o seu nascimento). O adágio "ergo cogito ergo sum" (eu penso eu existo) é um exemplo característico dessa escola, na medida em que, segundo os inatistas, é claro e inequívoca a conclusão de que sendo seres pensantes eles existam (nem que seja apenas como seres pensantes, sendo a questão da existência material desenvolvida a partir dessa constatação inata). Segundo os inatistas, não é necessária nenhuma experiência para se chegar a essa conclusão e, logo, ela estaria na mente dos indivíduos desde sempre.

John Locke advogará perspectiva oposta, afirmando por meio de argumentos lógicos que a mente humana não possui ideias inatas gravadas desde o mais primordial momento da existência do ser humano, e que todo conhecimento (subentendida a ideia de que conhecimento é crença verdadeira justificada) só é obtível por meio da experiência.

Se fosse verdade que existem ideias inatas, a condição para possuí-las era existir como ser humano. Assim, qualquer indivíduo (crianças, loucos, doentes mentais, qualquer indivíduo em qualquer lugar do mundo) teria um conjunto de ideias fundacionais exatamente igual. O ponto é que não se verifica esse conjunto de ideias que sejam as mesmas para quaisquer individuos em todo e qualquer lugar do mundo. Mais ainda, temas como a autoexistência e elementos morais, que são os candidatos destacados a ideias inatas pelos inatistas, não se verificam nas crianças. Logo, na opinião de Locke, esses conhecimentos supostamente inatos são aprendidos por meio do ensino e da experiência, validando o argumento apresentado ao lado.

É preciso ter em mente a proposta epistemológica do autor, na qual a análise do aparato mental e psicológico tem seus primeiros momentos, e ainda contribui para a reflexão a visão que Locke possui sobre a educação e a formação de cidadãos no seu tempo. De todo modo, é central à perspectiva psicológica lockeana a ideia de que o homem nasce sem impressões pré-programadas na mente. Isto é, sem as tais ideias inatas propostas por Descartes para explicar como o homem conhece e dá significado a si, as coisas do mundo e de Deus.

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