Português, perguntado por mariasgamaral, 5 meses atrás

A MOÇA EM PRANTOS 1. O poeta encontrou uma pedra no meio do caminho, nunca esqueceu dessa pedra, que lhe deu assunto para o seu poema mais conhecido. Não sendo poeta, encontrei não uma, mas infinitas pedras no meio do caminho, e não só no meio, mas no início e no fim de cada caminho. Não me renderam um único poema, nem mesmo uma modesta crônica. 2. Mas jamais esqueci a primeira moça que vi chorando. Eu devia ter seis ou sete anos, achava que só as crianças podiam e deviam chorar, tinham motivos bastante para isso, desde as fraldas molhadas nos primeiros meses de existência até a inexpugnável barreira dos “não pode”, que emparedam a infância e criam neuras para o resto da vida. 3. Um adulto chorando era incompreensível para mim, um acontecimento pasmoso, uma aberração da natureza, pois os adultos podiam tudo e tudo lhes é permitido. E a moça era um adulto, ao menos para mim, embora ela fosse realmente moça, aí pelos 15 anos ou pouco mais. 4. E chorava. Não abrindo o berreiro como as crianças, mas dolorosamente, e na certa misturando motivos. 5. Mesmo assim fiquei imaginando a causa do seu pranto. Faltara à escola e por isso ficara sem sobremesa? Fora proibida de brincar na calçada? Queria ganhar uma bicicleta e fora convencida a continuar com o insípido velocípede? 6. Vi muita gente chorando depois, homens feitos, mulheres maduras. Eu mesmo, quando levo meus trancos, repito o menino que ia para debaixo da mesa de jantar para poder chorar sem passar recibo da minha dor. Hoje, ficaria feio esconder-me debaixo das mesas, mas sei que é um bom lugar para isso. Melhor do que a cama, onde devemos fazer outras coisas. A moça que chorava não se escondera, chorava de mansinho, na verdade nem parecia estar chorando. Devia apenas estar muito triste porque misturava todos os motivos para a sua tristeza. (Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 04/05/2003) Em qual dos fragmentos do texto, abaixo indicados, o cronista estabelece uma relação de comparação? (referencia 231)
“Não sendo poeta, encontrei não uma, mas infinitas pedras no meio do caminho, e não só no meio, mas no início e no fim de cada caminho.”
“Um adulto chorando era incompreensível para mim, um acontecimento pasmoso, uma aberração da natureza, pois os adultos podiam tudo e tudo lhes era permitido.”
“Mesmo assim fiquei imaginando a causa do seu pranto. Faltara à escola e por isso ficara sem sobremesa? Fora proibida de brincar na calçada?”
“Hoje ficaria feio esconder-me debaixo das mesas, mas sei que é um bom lugar para isso. Melhor do que a cama onde devemos fazer outras coisas”.

Soluções para a tarefa

Respondido por thaissacordeiro
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A correta é a letra E. “Hoje ficaria feio esconder-me debaixo das mesas, mas sei que é um bom lugar para isso. Melhor do que a cama onde devemos fazer outras coisas”.

A relação de comparação ocorre quando o autor afirma que a moça estava chorando não estava se escondendo, como ele fazia quando era mais novo, porque tinha vergonha.

Ele aponta que atualmente não se esconderia debaixo das mesas, mas que ainda assim é um bom lugar, já que a cama é um lugar para fazer outras coisas.

Essa relação de comparação é pelo fato dos dois chorarem. O texto começa relatando sobre as "pedras no caminho" encontradas pelo autor ao longo da vida, que fizeram -o chorar.

Abraços!

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