A LUA FEITICEIRA E A FILHA QUE NÃO SABIA PILAR
A lua tinha uma filha branca e em idade de casar. Um dia apareceu-lhe em casa um monhé pedindo a filha em casamento. A lua perguntou-lhe:
— Como pode ser isso, se tu és monhé? Os monhés não comem ratos nem carne de porco e também não apreciam cerveja... Além disso, ela não sabe pilar...
O monhé respondeu:
— Não vejo impedimento porque, embora eu seja monhé, a menina pode continuar a comer ratos e carne de porco e a beber cerveja... Quanto a não saber pilar, isso também não tem importância, pois as minhas irmãs podem fazê-lo.
A lua, então, respondeu:
— Se é como dizes, podes levar a minha filha que, quanto ao mais, é boa rapariga.
O monhé levou consigo a menina. Ao chegar a casa foi ter com a sua mãe e fez-lhe saber que a menina com quem tinha casado comia ratos, carne de porco e bebia cerveja, mas que era necessário deixá-la à vontade naqueles hábitos. Acrescentou também que ela não sabia pilar, mas que as suas irmãs teriam a paciência de suprir essa falta.
Dias depois, o monhé saiu para o mato à caça. Na sua ausência, as irmãs chamaram a rapariga (sua cunhada) para ir pilar com elas para as pedras do rio e esta desatou a chorar.
As irmãs censuraram-na:
— Então, tu pões-te a chorar por te convidarmos a pilar?... Isso não está bem! Tens de aprender porque é trabalho próprio das mulheres.
E, sem mais conversas, pegaram-lhe na mão e conduziram-na ao lugar onde costumavam pilar. Quando chegaram ao rio puseram-lhe o pilão na frente, entregaram-lhe um maço e ordenaram que pilasse.
A rapariga começou a pilar, mas com uma mágoa tão grande que as lágrimas não paravam de lhe escorrer pela cara. Enquanto pilava ia-se lamentando:
— Quando estava em casa da minha mãe não costumava pilar...
Ao dizer estas palavras, a rapariga, sempre a pilar e juntamente com o pilão, começou a sumir-se pelo chão abaixo, por entre as pedras que, misteriosamente, se afastavam. E foi mergulhando, mergulhando... Até desaparecer.
1 ) Ao longo dos séculos, Portugal colonizou diferentes países e inseriu a língua portuguesa como idioma oficial. No entanto, estudos mais recentes evidenciam que há diferenças entre o português falado no Brasil e o português falado nos países africanos, bem como Portugal.
Ao longo do texto, é possível notar exemplos de variação diatópica como ocorre com o vocábulo
A ) “rapariga” que, no português usado no Brasil, equivale a “menina”.
B ) “desaparecer” que, no português usado no Brasil, equivale a “sumir”.
C ) “feiticeira” que, no português usado no Brasil, equivale a “bruxa”.
D ) “monhés” que, no português usado no Brasil, equivale a “homem de outra tribo”.
2 ) “Monhé” é o termo usado para designar aqueles que são mestiços de árabe com negro. A presença desse vocábulo no conto nos permite inferir que
A ) os portugueses foram os únicos a ocupar o continente africano a partir do século XV.
B ) a população africana é formada por meio de grupos étnicos distintos.
C ) a religião islâmica tem maior notoriedade dentro dos países africanos.
D ) a população africana organiza-se de forma homogênea.
3 ) — Então, tu pões-te a chorar por te convidarmos a pilar?... Isso não está bem! Tens de aprender porque é trabalho próprio das mulheres.
Ao longo do texto, usa-se o discurso conhecido como
A ) discurso direto.
B ) discurso indireto.
C ) discurso indireto livre.
D ) fluxo de consciência.
4 ) Sobre o choro da jovem, pode-se afirmar que
A ) expõe a frustração com o casamento, bem como a saudade de comida materna.
B ) expõe a mágoa da personagem ao perceber que a família do noivo não cumpriu com o acordo feito.
C ) evidencia a saudade da família e das próprias tradições.
D ) evidencia a tristeza da mulher por ter se casado e deixado sua família.
5 ) Acrescentou também que ela não sabia pilar, que as suas irmãs teriam a paciência de suprir essa falta.
A conjunção em destaque apresenta valor semântico de
A ) causa
B ) conformidade
C ) oposição
D ) finalidade
Soluções para a tarefa
Respondido por
7
Resposta:
1) a
2) b
3) a
4) c
5) c
arthurjuampa7q56:
a 4 é b
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