a independência do Brasil não significou a formação da nacionalidade brasileira
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Resposta: Bom, intrigante ou não, Independência e nacionalidade podem muito bem se distinguir e confundir.
Sim, o país se tornara independente em 1822, mas a questão de nacionalidade não está, necessariamente, alocada a isso. Pelo contrário, a independência abre margem a uma dúvida que, por muito tempo, tentará ser respondida: quem é o brasileiro?
Não somente aqui, veja bem, nos EUA e no México também são feitas essas indagações. Eis aí a importância de se buscar a História do País ou dos seus povos originários.
No Brasil, voltando ao cerne do assunto, essa indagação vai perpassar a questão da escravidão, a questão indígena e ademais.
"Qual a imagem que, enquanto país, queremos passar ao exterior?" - Isso é algo notório, por exemplo, na Primeira República: é a imagem de um país modernizado, à imagem da Europa. É nessa época que o Rio de Janeiro passa por uma série de reformas que, em base, buscam reformular a imagem do que, naquele tempo, era a Capital da nação.
A Capital é o espelho do país, em muitos casos. Ou assim pensavam alguns.
Mas, ao mesmo tempo, isso era também uma grande bobagem e uma pura tentativa de vender um país e um povo cosmopolita. E por que tão somente uma tentativa? Bom, porquê no início do séc XX, bem pode-se ver, em questão de exemplo, dois brasis distintos: o Brasil Litorâneo (em outras palavras, o Brasil Desenvolvido e representado na imagem do Rio de Janeiro) e o Brasil Sertanejo.
O que são os Sertões? Bom, basta passar o olho em Euclides da Cunha e seu clássico "Os Sertões". Para ele, um individuo que veio do litoral para cobrir e ver um abafamento de revolta pelo poderio do Estado, o sertão é um lugar de gente "degenerada", de maus-modos e, não só isso, um lugar em que, praticamente, não há frutos.
Euclides, também, é portador de todo um ideal etnocêntrico, razão pela qual verá nas pessoas sertanejas - pessoas essas muitas vezes miscigenadas - indivíduos "selvagens" (selvagens em relação ao quê? Ao branco e ao indivíduo que é civilizado) e que bem precisam, imediatamente, da tutela do Estado para, no mínimo, saírem da condição de barbárie em que estão.
O que temos então aqui exemplado?
Um país, mas não um povo definido.
Hoje bem se dirá que o Brasil é um país de povo miscigenado, a mistura de tudo: branco, africano e indígena. Só que, noutro olhar, por muito tempo isso foi um problema para definição de nossa identidade - e para alguns ainda o é -.
Há não muito tempo atrás era notório um desejo, mesmo em entrelinhas, de embraquecimento do povo brasileiro. As imigrações europeias incentivadas em massa para cá cumpriam dois propósitos: de nutrir o país com nova mão-de-obra e, simultaneamente, dar uma nova e única cor para essa terra que, assim, se equipararia a "amável" Europa.
Claro, mais se pode dizer sobre isso: por exemplo, a função do órgão bem presente tanto no Segundo Império quanto ainda nas Primeiras Repúblicas Brasileiras, o IGHB. Ele, por muito tempo, procurou definir, dentre outras coisas, uma resposta para a indagação "quem é o brasileiro?".
De mesmo modo, Vargas e todo o seu aparato de propaganda tentou o mesmo na figura do eficiente trabalhador e portador orgulhoso de uma Carteira de Trabalho. Nesse caso, em específico, o brasileiro, em contraponto a imagem preguiçosa do sertanejo (e Sertões, aqui, não é propriamente o Sertão que hoje se ouve falar, mas sim uma terra em que ainda não se chegou a Civilização e é, portanto, "desconhecida" - noutras palavras, o que seria boa parte do interior do Brasil -) era, na realidade, indivíduo que bem nutria, com orgulho, do trabalho e da dignificação que isso lhe dava enquanto Ser.
Bom, espero ter ajudado.
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