Geografia, perguntado por andreia641sales, 4 meses atrás

“A globalização
não é global”.
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Respondido por yoonie10
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A GLOBALIZAÇÃO

NÃO É GLOBAL

Quando se fala no tipo de sociedade que está sendo gerada pela economia neoliberal, não estamos falando de abstrações, mas de realidade cada vez mais comprovadas. A

economia de mercado é um grande

instrumento a serviço da riqueza.

Mas ela tem no seu âmago uma estrutura de injustiça que não pode ser

esquecida: exacerba os extremos, os

ricos ficam cada vez mais ricos, os

pobres cada vez mais pobres, e ela é

péssima distribuidora de renda. Isso

ocorre com pessoas e com regiões.

Os países ricos, quando obrigam a

abertura total dos mercados, sabem

que ganham uma condição de competição que os pobres jamais podem

acompanhar. Acrescente-se a esse

fato o poder que detêm e que lhes faculta usar de barreiras não tarifárias

para proteger os seus mercados, em

geral grandes consumidores. Vejamse como exemplo a taxação do suco

de laranja do Brasil para entrar na

Califórnia, as cotas de calçado, do

aço, do têxteis, as barreiras sanitárias

usadas unilateralmente e até as condicionantes ecológicas; utilizadas

como pretexto. Os países em desenvolvimento — é a ordem — têm de

abrir suas economias, mas ps grandes têm força de fechar as suas e usar

subsídios.

Isso gera um mundo desigual e injusto, e nada que é injusto pode prevalecer. A globalização, invocada para tornar o modelo compulsório, nada mais é que um processo que se limita aos meios de comunicação e

aos mercados financeiros. Está ainda

muito longe a realidade de um mundo globalizado em seus procedimentos éticos e de respeito aos direitos

humanos.

Essa paisagem mundial mostra,

claramente, aquilo que sempre existiu, de os vencedores poderem impor seus ideais e redesenhar o mapa

do poder mundial e tentar estratificá-lo, mediante a nova ideologia

consagrada do neoliberalismo. O

processo é o mesmo. Os vencedores

ditam suas normas. Não foi por outro motivo que Bush, quando presidente, disse: "Os Estados Unidos assumem esta liderança porque §ão o

único país que tem a estatura moral

e os meios para sustentá-la".

A globalização, assim, passa a ser

um processo, por dois motivos: primeiro, o avanço da ciência e da tecnologia, tornando o mundo cada vez

mais interdependente; segundo, a

utilização dessas conquistas científicas por uma vontade política incontrastável, a primeira na história da

humanidade a enfeixar poderes políticos, militares, científicos, tecnológticos, culturais.

A grande interrogação são as conseqüências desse processo nos países ricos, em desenvolvimento e nos

países pobres. Já nos próprios países

ricos, verifica-se que os benefícios

estão sendo distribuídos de maneira

desigual, marginalizando grupos inteiros da população, a par de desmonte do Estado do Bem-Estar Social, quebra da previdência, desemprego e outros graves problemas.

Convém acrescentar o risco permanente de explosão no fluxo de capital

que gira sem controle e que, a qualquer momento, pode causar uma catástrofe econômica mundial. Uma

pequena amostra disso foi a crise do

México e seu efeito "tequila".

Quanto aos países pobres, o neoli*

beralismo os condena à desgraça

eterna. Fukuyama, o guru profeta

dos novos tempos, definiu: "A grande maioria dos países pobres continuará submersa nos pântanos da

História".

Nos países em desenvolvimento

(Brasil), as variáveis externas ganham prioridade sobre as questões

nacionais. Seus objetivos passam a

ser, exclusivamente, priorizar a economia e gerar competição internacional. Esses países, mais do que todos, com uma base industrial integrada e diversificada, têm pago um

ajuste muito maior para integrar-se

à economia mundial. O resultado é o

desemprego, os baixos salários e o

total abandono das políticas sociais.

Não é menos relevante que esses

países, para enfrentar ós problemas

de ajuste e de competição, em vez de

aprofundar o processo democrático,

tornam-se autoritários e utilizam os

fins para justificar os meios, e assim

criar um retrocesso político, que pode ser explícito, como Fujimori no

Peru, ou disfarçado, como em outros

países do continente.

Esse caminho não será o caminho

definitivo da humanidade porque,

como toda ideologia sectária, mais

cedo do que se pode pensar, vai desmoronar.

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