“A globalização
não é global”.
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Soluções para a tarefa
A GLOBALIZAÇÃO
NÃO É GLOBAL
Quando se fala no tipo de sociedade que está sendo gerada pela economia neoliberal, não estamos falando de abstrações, mas de realidade cada vez mais comprovadas. A
economia de mercado é um grande
instrumento a serviço da riqueza.
Mas ela tem no seu âmago uma estrutura de injustiça que não pode ser
esquecida: exacerba os extremos, os
ricos ficam cada vez mais ricos, os
pobres cada vez mais pobres, e ela é
péssima distribuidora de renda. Isso
ocorre com pessoas e com regiões.
Os países ricos, quando obrigam a
abertura total dos mercados, sabem
que ganham uma condição de competição que os pobres jamais podem
acompanhar. Acrescente-se a esse
fato o poder que detêm e que lhes faculta usar de barreiras não tarifárias
para proteger os seus mercados, em
geral grandes consumidores. Vejamse como exemplo a taxação do suco
de laranja do Brasil para entrar na
Califórnia, as cotas de calçado, do
aço, do têxteis, as barreiras sanitárias
usadas unilateralmente e até as condicionantes ecológicas; utilizadas
como pretexto. Os países em desenvolvimento — é a ordem — têm de
abrir suas economias, mas ps grandes têm força de fechar as suas e usar
subsídios.
Isso gera um mundo desigual e injusto, e nada que é injusto pode prevalecer. A globalização, invocada para tornar o modelo compulsório, nada mais é que um processo que se limita aos meios de comunicação e
aos mercados financeiros. Está ainda
muito longe a realidade de um mundo globalizado em seus procedimentos éticos e de respeito aos direitos
humanos.
Essa paisagem mundial mostra,
claramente, aquilo que sempre existiu, de os vencedores poderem impor seus ideais e redesenhar o mapa
do poder mundial e tentar estratificá-lo, mediante a nova ideologia
consagrada do neoliberalismo. O
processo é o mesmo. Os vencedores
ditam suas normas. Não foi por outro motivo que Bush, quando presidente, disse: "Os Estados Unidos assumem esta liderança porque §ão o
único país que tem a estatura moral
e os meios para sustentá-la".
A globalização, assim, passa a ser
um processo, por dois motivos: primeiro, o avanço da ciência e da tecnologia, tornando o mundo cada vez
mais interdependente; segundo, a
utilização dessas conquistas científicas por uma vontade política incontrastável, a primeira na história da
humanidade a enfeixar poderes políticos, militares, científicos, tecnológticos, culturais.
A grande interrogação são as conseqüências desse processo nos países ricos, em desenvolvimento e nos
países pobres. Já nos próprios países
ricos, verifica-se que os benefícios
estão sendo distribuídos de maneira
desigual, marginalizando grupos inteiros da população, a par de desmonte do Estado do Bem-Estar Social, quebra da previdência, desemprego e outros graves problemas.
Convém acrescentar o risco permanente de explosão no fluxo de capital
que gira sem controle e que, a qualquer momento, pode causar uma catástrofe econômica mundial. Uma
pequena amostra disso foi a crise do
México e seu efeito "tequila".
Quanto aos países pobres, o neoli*
beralismo os condena à desgraça
eterna. Fukuyama, o guru profeta
dos novos tempos, definiu: "A grande maioria dos países pobres continuará submersa nos pântanos da
História".
Nos países em desenvolvimento
(Brasil), as variáveis externas ganham prioridade sobre as questões
nacionais. Seus objetivos passam a
ser, exclusivamente, priorizar a economia e gerar competição internacional. Esses países, mais do que todos, com uma base industrial integrada e diversificada, têm pago um
ajuste muito maior para integrar-se
à economia mundial. O resultado é o
desemprego, os baixos salários e o
total abandono das políticas sociais.
Não é menos relevante que esses
países, para enfrentar ós problemas
de ajuste e de competição, em vez de
aprofundar o processo democrático,
tornam-se autoritários e utilizam os
fins para justificar os meios, e assim
criar um retrocesso político, que pode ser explícito, como Fujimori no
Peru, ou disfarçado, como em outros
países do continente.
Esse caminho não será o caminho
definitivo da humanidade porque,
como toda ideologia sectária, mais
cedo do que se pode pensar, vai desmoronar.