História, perguntado por nerdsedutor, 9 meses atrás

A Getúlio Vargas dirijo, de todo coração, um apelo supremo, presidente da república: renunda para salvar a República.
Getúlio Vargas: deixa o poder para que o teu pais, que é o nosso pais, possa respirar nos dias de paz que os teus lhe
roubaram. Sal do poder, Getúlio Vargas, se queres ainda merecer algum respeito como criatura humana, já que perdeste o
direito de ser acatado como chefe do govemo.
Carlos Lacerda
A Tribuna da Imprensa, 11/08/1954.
Pegou o Carlos Lacerda
Com a sua cara de frango
No cenário politico
Querendo dançar o tango
Querendo com a Argentina
Sujar a carta de Jango
Agora dizem os golpistas
Que são loucos nos extremos
Os eleitos não tomam posse
Muita bala nós teremos
Isso caro leitor
É o que veremos
Cuica de Santo Amaro, em "A vitória de J. J. ou a vitória de um morto", s/d.
Citado em CURRAN, M. J. História do Brasil em cordel. São Paulo: Edusp, 2001.
O ponto principal de nossa ação política consiste em manter a linha de oposição e acentuar o propósito de luta crescente
contra as forças que há tantos anos dominam o poder, na corrupção administrativa e comprometendo as bases morais da
vida politica.
Convenção Nacional da UDN, 1957.
Citado em BENEVIDES, M. V. de M. A UDN e o udenismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
Nos documentos acima podem ser reconhecidos posicionamentos e atitudes que marcaram a atuação de lideranças da
União Democrática Nacional (UDN), partido que existiu de 1945 até 1965.
A partir desses documentos, indique duas caracteristicas da atuação udenista em meio às disputas políticas e partidárias do
periodo. Cite, ainda, uma iniciativa ou uma crise na qual o partido se envolveu.​

Soluções para a tarefa

Respondido por PotatoCream
8

Objetivo: Reconhecer características da atuação de partido político de destaque no contexto da experiência democrática de 1945-1964 no Brasil.

Item do programa: África, Ásia e América Latina em um mundo bipolar

Subitem do programa: Relações entre Estado, capital e sociedade civil no Brasil urbano-industrial

Comentário da questão:

Apesar do Brasil ter vivido, de 1945 a 1964, uma rica experiência democrática situada entre dois regimes autoritários, tal período é desvalorizado por uma historiografia tradicional que o considera como uma República Populista ou uma República Liberal Conservadora. A historiografia recente tem revelado, a partir de pesquisas de opinião pública realizadas no começo da década de 1960 em algumas capitais brasileiras, que a população tinha níveis de preferência partidária semelhantes aos das democracias mais maduras na Europa e nos E.U.A. A população, ao contrário do que se pensava, não apenas se identificava com partidos e lideranças, mas também com projetos e propostas. Nesse cenário, destaca-se a UDN (União Democrática Nacional), que existiu da redemocratização de 1945 até 1965, quando todos os partidos nacionais foram extintos pelo AI 2 (Ato Institucional N. 2) outorgado na Ditadura.

Os documentos históricos de diferentes naturezas reunidos – artigo de jornal de autoria do líder udenista Carlos Lacerda, folheto da literatura de cordel que critica a atuação do partido em 1955 e trecho da convenção partidária da UDN de 1957 – revelam práticas, estratégias e propostas dessa importante agremiação política. Da leitura dos documentos emergem características, tais como a ação antigetulista, a retórica moralista, a defesa do golpismo, a postura antidemocrática, a perspectiva antitrabalhista, a insistência na associação dos adversários políticos a práticas corruptas e o questionamento dos resultados eleitorais, revelando os alcances e os limites do liberalismo sustentado pelo partido. Nesse contexto, algumas das iniciativas da UDN foram as seguintes: a oposição ao Estado Novo, o apoio à deposição de Getúlio Vargas (1945), o questionamento da posse de Vargas com a “tese da maioria absoluta” (1950), o apoio à campanha “O Petróleo é Nosso”, a defesa da renúncia ou afastamento de Vargas (1954), a tentativa de impedir a posse de Juscelino Kubitschek e João Goulart (1955), o apoio ao candidato Jânio Quadros (1960), a oposição às reformas de base e o apoio ao golpe de 1964 e à Ditadura. Algumas das crises do período que tiveram a participação da UDN foram o suicídio de Vargas (1954), a Novembrada ou contragolpe do general Henrique Lott (1955), a renúncia de Jânio Quadros (1961) e a deposição de João Goulart (1964).

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