Question

A filosofia da arte ou antes, ‘metafísica do belo’, de Schopenhauer, se deduzem dessas considerações bastante desiludidas sobre a existência. Anticartesiano, anti-hegeliano, hostil ao cristianismo, rebelde às noções de progresso, de humanidade, de história, misantropo e iconoclasta, Schopenhauer é platônico. Crê na teoria das Ideias exposta pelo autor do Banquete: visto que a vida é um abismo de infelicidades e de sofrimentos, a contemplação das Ideias, graças à arte, não poderia ser um remédio e uma consolação para os males da existência? Consolação provisória, é claro, mas suficiente para trazer-nos um gozo muitíssimo superior ao simples prazer estético; um gozo que supera tormentos e desejos e nos reconcilia, durante algum tempo, com a essência do mundo, com a vontade. De todas as artes, somente a música permite alcançar este estado contemplativo absoluto, pois ela é a mais imaterial e a menos ligada ao mundo sensível. Em outras palavras, ela é a mais próxima do mundo das Ideias. Em compensação, as outras artes, arquitetura, escultura, pintura, tragédia, simples cópias, permanecem ligadas à reprodução da realidade.” JIMENEZ, Marc. O que é estética. RS: Editora Unisinos, 1999. p. 248. A arte: I. ao admitir a contemplação das ideias serve de lenitivo para os males da existência humana. II. desperta no homem uma espécie de prazer que permite a ele, em definitivo, reconciliar-se com a essência das coisas. III. representada pela música, permite ao homem alcançar um estado contemplativo absoluto e harmonizar-se com a vontade. IV. viabiliza ao indivíduo uma reconciliação, ainda que provisória, com a vontade. Estão corretas as alternativas: (A) I e II (B) I, III e IV (C) II e IV (D) II, III e IV (E) I, II e III

Answer 1

Arthur Schopenhauer pensava que as artes eram capazes de oferecer ao homem uma apreensão do que Platão chamava de "Formas", entidades abstratas que carregam em si os traços essenciais das mais variadas coisas - a contemplação da Forma da virtude, por exemplo, permitiria um conhecimento sobre o que faz com que a virtude seja o que é e não outra coisa; sobre o que realmente é a virtude. O mesmo poderia ser dito sobre as Formas ("Ideias") do homem, da felicidade, do bem, da natureza, e por aí vai. 


Diferentemente de Platão, Schopenhauer não pensava nessas Formas como objetos de um conhecimento racional, mas sim de uma apreensão intuitiva que era facilitada pelas belas obras de arte. Por conta desse tipo de acesso à essência das coisas, as obras de arte nos levariam para além do mundo das representações sensíveis, permitindo um alívio temporário do sofrimento inerente a esse mundo, como afirmado em I. 


Esse contato com o lado essencial do mundo seria um contato com a Vontade, fundamento e essência de todas as coisas, uma reconciliação como dito em IV. Schopenhauer também elaborou uma espécie de hierarquia das artes e de seus efeitos, sendo a música a única arte com o potencial de promover uma reconciliação total com o mundo essencial, das formas ("ideias"), como afirmado em III. Isso se dava pelo fato da música ser a única arte (na época) que era constituída de elementos puramente abstratos, assim como as formas platônicas.


Portanto, a opção correta é (B): I, III e IV.