A construção dos feudos, muros que delimitavam uma determinada área no período da Idade Média, segregou milhares de pessoas e impossibilitou o acesso a bens que somente a nobreza podia usufruir. Semelhante a essa época, no contexto brasileiro contemporâneo, o cinema é um dos inúmeros meios de democratizar a cultura, mas ainda é "feudalizado", já que grande parte da população continua alheia a esse serviço. Então, tanto a concentração das salas de teledramaturgia em regiões mais desenvolvidas economicamente, quanto os exorbitantes preços dos ingressos e alimentos, vendidos com exclusividade pela empresa proprietária, mutilam a cidadania e consagram importantes simbologias de poder.
Nessa perspectiva, a cultura é imprescindível para a identidade de um povo e, indubitavelmente, o cinema é uma fundamental ferramenta de inclusão e de propagação de valores sociais. Entretanto, de acordo com o geógrafo Milton Santos, no texto "Cidadanias Mutiladas", a democracia, extremamente necessária para a fundamentação cultural do indivíduo, só é efetiva quando atinge a totalidade do corpo social, ou seja, na medida em que os direitos são universais e desfrutados por todos os cidadãos. Dessa maneira, a concentração das salas de cinemas em áreas com alto desenvolvimento econômico e o alheamento de milhares de pessoas a esse serviço provam que não há democratização do acesso à cultura cinematográfica no Brasil, marginalizando grande parcela da sociedade desprovida de recursos financeiros.
Outrossim, os preços abusivos de ingressos, a divisão das salas em categorias de conforto e a proibição de entrada de bebidas e alimentos, que não sejam vendidos no estabelecimento, dividem, ainda mais, a sociedade. Isso pode ser explicado pelo teórico Pierre Bourdieu, o qual afirma que todas as minúcias de um indivíduo constituem simbologias que são constantemente analisadas pelo corpo social, isto é, o poder de compra, as características pessoais e o acesso a bens e serviços refletem quem é o homem para outrem. Dessa forma, o alto custo praticado pelas redes cinematográficas violenta simbolicamente aqueles que não conseguem contemplar as grandes telas e aumenta a desigualdade.
Portanto, cabe à iniciativa privada, em parceria com os estados e municípios, promover a interiorização das salas de teledramaturgia, por meio da construção de novos empreendimentos em áreas distantes dos pólos econômicos e da redução dos custos para o consumidor de baixa renda, incentivando, então, a cultura mais democrática. Além disso, é responsabilidade da Ancine, Agência Nacional de Cinema, estabelecer um canal de comunicação mais efetivo com o telespectador, por intermédio de aplicativos e das redes sociais interativas, para que denúncias e reclamações sobre preços abusivos possam ser realizadas. Como efeito social, a democratização do cinema no Brasil será uma realidade, destruindo, assim, barreiras e "feudos" sociais.
Responda:
a- Identifique e copie do texto acima a ideia principal e a opinião do autor.
b- Transcreva do texto um argumento.
c- Copie do texto três conectores..
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Resposta:
a) a diferença de vida dos cidadãos, e a desigualdade pelo dinheiro
b)os preços abusivos de ingressos
c)os feudos, os preços, o efeito social
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