A "carga" do camelo de Nietzsche é uma metáfora para quais "pesos" que os sujeitos carregam?
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Explicação:
Nietzsche diz que inicialmente o espírito é um camelo. Carrega em si mesmo tudo o que há de mais pesado, valores, crenças que não necessariamente lhe pertencem e que pesam em seu espírito. Sequer sabe o que carrega, reconhece o peso, mas não o que pesa. Imposições que a sociedade lhe coloca e que não condizem com o seu coração, com o seu ímpeto de realização e de vida. O camelo é a obediência servil sem questionamento. É a falta de questionamento da vida, o não reconhecimento de seu papel no mundo a partir de um desconhecimento de si mesmo. Há peso excessivo e subserviência no camelo. O camelo não reconhece decerto onde está e o que está fazendo, apenas faz. Caminha e carrega, sem questionar.
Até o momento em que começa a questionar a maneira como enxerga o mundo e a si mesmo, a criar um espaço em si mesmo para o estranhamento. É o início da liberdade do peso que carrega, é o início do “não” que pode criar em si mesmo uma sensação de afastamento dos outros e dos condicionamentos e crenças passadas. É uma travessia necessária do deserto, um caminho de descoberta da própria solidão. Falta momentaneamente fontes externas para apaziguar a própria sede. Mas essa sede inicial tem a força de conduzir ao encontro de uma fonte em si mesmo, na qual todo o mundo se torna abundância e encontro. O deserto é uma passagem e uma vitória, pois as descobertas que trazem ao espírito são um início de uma subida. Precisamos da força do camelo nesse momento, que representa a perseverança, a força de seguir adiante, de suportar o deserto na busca do conhecimento e o sofrimento inicial que pode advir no caminho da realização pessoal, inclusive a sensação de isolamento e a descoberta de verdades dolorosas sobre si mesmo e sobre o mundo. Mas não precisamos de seu peso. As ilusões devem cair. A perseverança do camelo simboliza a força do espírito que busca a verdade e que deseja, acima de tudo, ser capaz de ver o que a realidade se torna momento a momento, independente do que possa causar a si mesmo.