Português, perguntado por dudaribeiro7995, 1 ano atrás

A cabeça de corvoAo Dr. Edmundo LinsNa mesa, quando em meio à noite lentaEscrevo antes que o sono me adormeça,Tenho o negro tinteiro que a cabeçaDe um corvo representa.E o aberto olhar vidrado da funestaAve que representa o meu tinteiro,Vai-me seguindo a mão, que corre lesta,Toda a tremer pelo papel inteiro.A contemplá-lo mudamente ficoE numa dor atroz mais me concentro:E entreabrindo-lhe o grande e fino bicoMeto-lhe a pena pela goela a dentro.E solitariamente, pouco a pouco,Do bojo tiro a pena, rasa em tinta...E a minha mão, que treme toda, pintaVersos próprios de um louco.Dizem-me todos que atirar eu devoTrevas em fora este agoirento corvo,Pois dele sangra o desespero torvoDestes versos que escrevo.(GUIMARAENS, Alphonsus de. A cabeça de corvo. In:______ Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2001. p. 126)1. Explique a grande metáfora com que Alphonsus de Guimaraens constrói o poema:a) os dois elementos comparados;b) suas áreas semânticas;c) seus traços de semelhança.2. Para intensificar os efeitos da metáfora, o eu poético a subdivide em outras menores. Identifique os elementos da esfera de recorrência e seus traços de semelhança correspondentes a:a) boca do tinteiro;b) vidro de que é feito o tinteiro;c) tinta asada para escrever os versos do poema.

Soluções para a tarefa

Respondido por waltercaminha
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Olá, tudo bem? Vou te ajudar nessa questão:

1. a) A metáfora criada por Guimaraens consiste na comparação de seu processo de escrita e seus versos com um "agoirento corvo".

b) São campos semânticos diferentes, já que sua poesia está no campo da literatura, enquanto o corvo é do campo semântico dos animais.

c) A principal semelhança que o eu lírico estabelece entre sua poesia e o corvo é o desespero e sofrimento que carregam.

2. a) A boca do tinteiro é comparada ao bico do corvo, que fica aberto para que o poeta insira sua pena.

b) O vidro que acomoda a tinta é comparado à cabeça do corvo, em uma imagem funesta.

c) A tinta utilizada é comparada ao sangue do corvo, coletado a cada vez que o poeta insere sua pena no bico da ave.
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