a bíblia foi escrita com base na tradição oral dos hebreus.como esses registros devem ser tratados para o conhecimento histórico desse povo?
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Como uma herança , muito valiosa !
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A respeito da crítica literária, a Bíblia de Jerusalém salienta que a presença de “um problema literário é fato inegável para quem se inclina atentamente sobre os textos. Desde as primeiras páginas do Gênesis encontram-se duplicatas, repetições e discordâncias: dois relatos das origens, que apesar de suas diferenças, contam de maneira dupla a criação do homem e da mulher (1, 1-2,4a e 2,4b-3,24); duas genealogias de Caim-Cainã (4,17 e 5,12-17); dois relatos combinados do dilúvio (6-8). Na história patriarcal, há duas apresentações da aliança com Abraão (Gn 15 e 17); duas expulsões de Agar (16 e 21); três relatos da desventura da mulher de um patriarca em país estrangeiro (12, 10-20; 20; 26,1-11); provavelmente duas histórias combinadas de José e de seus irmãos nos últimos capítulos do Gênesis. Em seguida, há dois relatos da vocação de Moisés (Ex 3, 1-4, 17 e 6,2-7,7), dois milagres da água em Meriba (Ex 17, 1-7 e Nm 20, 1-13); dois textos do Decálogo (Ex 20, 1-17 e Dt 5,6-21); quatro calendários litúrgicos (Ex 23, 14-19; 34, 18-23; Lv 23; Dt 16,1-16). Poderiam ser citados vários outros exemplos”. As incoerências internas ao texto bíblico são várias vezes apontadas, como em Êxodo 2, 18, “Os textos não concordam quanto ao nome e à pessoa do sogro de Moisés. Aqui temos Ragüel, sacerdote de Madiã; em 3,1; 4,18; 18,1 ele se chama Jetro. Nm 10,29 fala de Hobab, filho de Ragüel, o madianita, e Jz 1,16; 4,11, de Hobab, o quenita”. Às contradições internas somam-se os erros de natureza histórica, como em Daniel, onde as informações dadas não batem com o que conhecemos da História Geral, por exemplo, em Daniel 6,1 “e Dario, o medo, tomou o poder, estando já com a idade de sessenta e dois anos” (Ciro, o persa, havia submetido a babilônia. Para uma visão mais aprofundada, ver o artigo da Jewish Encyclopedia).Segundo a Cambridge History of The Bible, “o que é claro é que nenhuma explicação para a forma presente do material [a Bíblia] é possível sem o reconhecimento da presença de elementos divergentes – sobreposições, duplicações e mesmo contradições no material apontam para isso.” [79]. Segundo o professor R. Ackroyd, da Universidade de Londres, o entendimento da composição da Bíblia hebraica passa pela análise literária comparativa entre os textos cananeus antigos e os documentos hebraicos. De acordo com ele, “os salmos, seja no próprio livro de salmos ou espalhados pelos livros históricos e proféticos, não tiveram origem graças às simples atividades de autores israelitas ou judeus, poetas que foram oficiais dos santuários ou mesmo indivíduos. Não importa quantos motivos e alusões especificamente judaicos apareçam neles, suas fontes residem em tempos muito mais antigos, como pode ser visto pela existência de poesia Cananeia antiga nos documentos de Ugarite de Ras Shamra, datando de 1 400 a.C. (...) A lenda do santuário de Betel providencia um bom exemplo do processo pelo qual uma tradição antiga, obviamente pré-israelita, foi incorporada e batizada pelo uso israelita. Ela relata como o nome do lugar Luz foi substituído pelo novo nome Betel, “casa de Deus” (El). Ela associa essa novo nome à visita de Jacó à região, o antepassado das tribos israelitas. A história é complexa, contendo elementos de diferentes tradições; ainda assim, é evidente que uma tradição descreve a revelação em termos de uma “escada” entre o céu e a terra (Gen. 28: 12); a outra tradição quase certamente concebe YHWH de pé ‘ao lado dele’ (Gen. 28:13), como é registrado também na experiência da chamada de Samuel (1 Sam. 3:10). Jacó é representado como percebendo a presença de YHWH, Deus de Israel, mas o novo nome Betel (Gen. 28:17) não concorda muito bem com isso, já que usa o termo geral El para a deidade e não o nome pessoal. Esta palavra El é conhecida como uma invocação divina antiga e, de fato, virtualmente como um nome pessoal nos textos de Ras Shamra. É claro que uma lenda mais antiga do santuário (...) indica uma consciência de que era de fato de origem mais antiga.”
sarabst123:
Sinceramente não era essa resposta que eu esperava mas brigada!! Lucy
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