A água do Aquífero Guarani pode sofrer contaminacao
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O Aqüífero Guarani não está imune a contaminação de suas águas. O advogado Diego Rodrigues, integrante da Ong M’Biguá, citou como exemplo, durante sua apresentação na reunião da Rede Aqüífero Guarani, a empresa argentina Termas de Maria Grande S.A., que prejudicou, em 2005, seriamente o ambiente de onde ela extrai água.
Rodrigues disse que a Termas retirava água do aqüífero a uma profundidade de 1,2 mil metros. Por ter cerca de três vezes mais sal que a do mar, as águas do Guarani após seu uso não podem ser jogadas em qualquer ambiente sem o cuidado necessário, já que mata a vegetação local. Assim, a empresa argentina remetia a água para o próprio aqüífero, sendo isto permitido pelo Judiciário, já que não há outra forma de utilização ou destinação. Contudo, este líquido retorna sujo e a 380 metros de profundidade, e não aos 1,2 mil metros do qual foi tirado, pois desta forma sairia mais caro para a empresa. Além disso, os 380 metros no qual retornava está um lençol de água doce.
A contaminação, porém, não foi denunciada pelo retorno da água usada, mas, segundo Rodrigues, de um problema no cano que explotava, fazendo com que a água salobra de 100 gramas por litro arrasa o entorno da perfuração.
Com isso, entidades ambientais, advogados e ecologistas argentinos processaram e venceram em duas instâncias a Termas de Maria Grande S.A., obrigando-a a reconstituir o local destruído.
Entenda o processo de contaminação
Apesar da poluição do aqüífero por resíduos ser problemático, não é este fato que caracteriza por contaminar o Aqüífero Guarani.
Segundo o geólogo e ex-professor universitário, Alfredo Serra, o que se define por contaminar o Guarani é a mistura da água salina com a doce.
Serra explicou que o Sistema Aqüífero Guarani (SAG) está a cerca de 1,1 mil metros de profundidade. Acima dele está uma camada de basalto, o qual possui frestas. Na parte superior ao basalto está a água doce que está localizada a aproximadamente 380 metros.
Quando uma empresa perfura para alcançar a água salgada, reafirma Serra, ela utiliza uma camada de cimento entre o cano de perfuração e o buraco, reforçando o instrumento explotador. Contudo, este método não é o correto, pois de acordo com o geólogo, impede que o lençol de água doce siga seu curso. Assim, as frestas do basalto pressionam a água salgada a se misturar com a doce, fazendo a contaminação do aqüífero.