98 PONTOSS!!
Iria morrer, quem sabe se naquela noite mesmo? E que tinha ele feito de sua
vida? Nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a pátria, por amá-la e
querê-la muito, no intuito de contribuir para a sua felicidade e prosperidade. Gastara
sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e, agora que estava na velhice, como
ela o recompensava, como ela o premiava, como ela o condecorava? Matando-o. E
o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não
pandegara, não amara – todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à
sua tristeza necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara.
Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice
de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que
fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do
Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se
das suas coisas de tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso
tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à
loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela
não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se
fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa
gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros,
inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma
decepção, uma série, melhor, um encadeamento
de decepções.
A pátria que quisera ter era um mito; era um
fantasma criado por ele no silêncio do seu
gabinete. Nem a física, nem a moral, nem a
intelectual, nem a política que julgava existir, havia.
A que existia de fato era a do Tenente Antonino, a
do Doutor Campos, a do homem do Itamarati.
03. A vida e os tempos de Major Quaresma narrados em seu Triste fim acabam com
uma ponta aguda de melancolia e amargor: após tanto defender seu país, Policarpo
é condenado pelo mesmo Brasil que tão ardorosa e incondicionalmente amou.
Levando o texto acima em consideração, identifique o “encadeamento de
decepções” que levaram Policarpo Quaresma à frustração. Em seguida, explique a
ironia final do romance, em que prevalece não o amor pela pátria, mas o “homem do
Itamarati”.
Soluções para a tarefa
Resposta com a Explicação:
Levando o texto acima em consideração, identifique :
➡️➖o “encadeamento de decepções” que levaram Policarpo Quaresma à frustração.
No romance Triste fim de Policarpo Quaresma, Policarpo ESTUDA com afinco o BRASIL em vários níveis desde o social, o econômico, o agricola e o linguístico.
Ele dedica a sua vida toda para solucionar os problemas brasileiros
Ele tem um desencadeamento de decepções .
No social ele tenta fazer uma nova sociedade baseada no modo de vida dos índios .
No linguístico --> Tenta mudar nossa língua para o tupi guarani .
No agricola -- tenta cultivar novas plantas e ninguem aceita a nova agricultura
➡️➖Em seguida, explique a ironia final do romance, em que prevalece não o amor pela pátria, mas o “homem do Itamarati "
Na parte final do romance, Major Quaresma percebe que a devoção ao Brasil não produziu o efeito que ele gostaria, o que provoca o seu desapontamento.
Ele percebe que que o que vale é a lei do tenente Antonino , a lei do Doutor Campos e a lei do homem do Itamarati .
"A pátria que quisera ter era um mito; era um
fantasma criado por ele no silêncio do seu
gabinete. Nem a física, nem a moral, nem a
intelectual, nem a política que julgava existir, havia.
A que existia de fato era a do Tenente Antonino, a
do Doutor Campos, a do homem do Itamarati."